Raça forte, teu nome é Pronaf! – Por Luis Rodrigo Aires Silva

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Por Luis Rodrigo Aires Silva*


Eu estava lá buscando uma chance para fazer a diferença. Não simplesmente pra mim, já que era uma boa oportunidade de ascensão profissional, mas queria fazer valer a premissa de que poderia sim desenvolver meu Nordeste. E agora estava como Gerente de Negócios PRONAF (GNP), atendendo a algo que considerei um chamado naquela época.  


 


E vou dizer: o idealismo com que embalamos certos pensamentos nos dá um gás inicial e propulsor que nos cega pra realidade em dado momento, até que vivemos a certeza que “a dureza do prélio não tarda”, já cantava o hino de futebol.  


 


Em suma, não há dia fácil. Afinal, gerir uma carteira com tantas limitações é um desafio diário. Um quase incontável número de clientes; o descaso de alguns gestores de agência e do próprio Banco quanto ao atendimento da área rural; o atropelo da inadimplência e suas razões críticas (às vezes, mais conhecidas, outras vezes, apenas pretendidas, porque, afinal, lidamos com seres humanos); relatórios demais, tempo de menos…  Quem nunca ficou mais de doze horas tentando se organizar dentro de uma agência, só pra depois ser desorganizado pela avalanche de demandas diárias que se acumulam? É o que chamam de trabalho de Sísifo: rolando uma enorme e pesada pedra até o cume, só pra depois vê-la descer montanha abaixo e voltar pra repetir o mesmo trabalho infrutífero. 


 


Sangue derramado, suor em litros, lágrimas em um instante ou outro.  É a batalha de todos os dias que se compara à guerra. Provavelmente, por isso todos os GNP’s criam espíritos briosos e o sentido de irmandade se torne tão enraizado. Sabemos quantos somos; sabemos o que passamos. Mas, ainda precisamos saber até onde podemos chegar. E só cumprir metas e angariar números não contentará quem não vê a diferença que é feita na vida daqueles que, em sua maioria, precisam apenas de um incentivo para gerar a riqueza do chão duro e árido. E, nós, meus irmãos, podemos dizer sim que vimos vida brotar em olhos que só enxergaram morte ou desengano por tanto tempo. 


 


Mas, não sou iludido a ponto de tecer uma odisséia de louvores ao que é feito, longe disso. Temos muito que ainda lutar. Isonomia parece sinônimo de algo que não passa nem perto do PRONAF. E isso passando por questões simples como a valorização financeira, chegando até os duvidosos critérios que validam a ascensão de níveis dentro da função, e mesmo as mínimas condições que definem o conceito de gestão de uma carteira de clientes.


 


Cansa muito, sem dúvidas, até sugar os últimos ímpetos. Brigar, pelejar, cair, fraquejar. E onde está o motivo pra levantar? Nada ganhamos, e sim perdemos: orgulho, paciência, dinheiro… e até a  fé no que fazemos.


 


Só que a esperança foi o único dom que sobrou na caixa de Pandora.  E não importa que argumento se use para dizer que só está aqui porque não tem outra coisa. “Estar aqui ” significa que ainda se pretende ir à luta, achando-se enfraquecido ou não. 


 


Importante lembrar que durante algum tempo compartilhamos uma frase que se tornou mais que um lema, uma realidade, por isso ela nos identifica: somos GNPs, SOMOS RAÇA FORTE!


*Luis Rodrigo Aires Silva é funcionário lotado na agência de Sobral (CE) – Representante de base da AFBNB


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