Na tarde desta quarta-feira (5) a AFBNB enviou carta ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, solicitando reunião para discutir temas ligados à defesa do BNB e seus instrumentos, como o FNE e o Microcrédito.
Ainda no documento, a Associação destaca a importância do Banco para o Desenvolvimento Regional demonstrando sua preocupação com propostas que ameaçam comprometer e fragilizar seu papel.
Confira ofício na íntegra:
Fortaleza-CE, 05 de novembro de 2025
A Sua Excelência Senhor
Guilherme Boulos
Ministro de Estado da Secretaria-Geral
Presidência da República Federativa do Brasil
Brasília-DF
Assunto: Defesa dos trabalhadores, papel social do BNB e seus instrumentos de crédito
Excelentíssimo Senhor Ministro,
Primeiramente expressamos nossas congratulações pela vossa nomeação para esse importante Ministério, desejando sucesso na nova empreitada e importantes vitórias para a sociedade brasileira como um todo.
A Associação dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil – AFBNB é uma entidade com 39 anos de história e mais de 5 mil associados em toda área de atuação do Banco do Nordeste do Brasil S.A (BNB), entre trabalhadores da ativa e aposentados. Nessa trajetória registramos um profícuo histórico de lutas e vitórias em defesa do BNB e da Região Nordeste contra as desigualdades regionais, pela garantia de recursos estáveis e pela valorização dos trabalhadores.
Por oportuno, vimos solicitar reunião com Vossa Excelência para discutir questões ligadas à defesa dos trabalhadores, papel social do BNB e seus instrumentos de crédito. A seguir apresentamos algumas justificativas para esse objetivo:
– Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE)
Como é sabido, o BNB, ao longo de sua história de 73 anos, tem mudado para melhor a vida de milhões de famílias e municípios, operando o FNE, principal fonte de recursos do Banco. Para se ter uma ideia de sua dimensão e importância, no primeiro trimestre deste ano foram R$ 13,7 bilhões em empréstimos e financiamentos, contemplando toda a área de abrangência da Instituição, que inclui além da Região Nordeste, parte do Espírito Santo e de Minas Gerais. No ano de 2024 foi aplicado um total de R$ 60 bilhões na Região.
A AFBNB acompanha de perto os resultados alcançados pelo Banco, tendo sido protagonista na garantia do recurso para o BNB, sua exclusividade na aplicação e a defesa permanente dos fundos constitucionais por entender que são instrumentos diferenciados de política regional, sendo aplicados com responsabilidade e empenho por parte dos seus trabalhadores, comprometidos com a missão desenvolvimentista, uma marca histórica do BNB.
Contudo, enfatizamos a necessidade de apresentar nossas preocupações com projetos que sugerem ameaças aos Fundos Constitucionais, no caso específico do BNB, o FNE, principal fonte de recursos do Banco. Há pouco tempo acompanhamos os debates de projetos que visavam alterar a política de taxas e de distribuição do fundo, como a MP 1052/2021 e a PEC 87/2015, esta última objetivando reduzir em 30% os recursos dos Fundos Constitucionais.
– Microcrédito
É da natureza da AFBNB acompanhar as questões que dizem respeito do Banco do Nordeste (BNB). Assim, no âmbito do Programa de Microcrédito do BNB, a Associação tem externado preocupação, haja vista a repercussão de notícias relacionadas ao tema, com impactos para o Programa, o próprio Banco, os trabalhadores e a sociedade.
Em meio a notícias de possíveis mudanças, a Associação cobra a garantia de um processo transparente e sério que assegure a continuidade dos negócios exitosos com gestão e eficiência necessárias ao Programa, ao público-alvo e a sustentabilidade do próprio BNB.
Mesmo na pandemia, na contramão de uma economia estanque, o microcrédito do BNB se expandiu: os valores contratados em 2020 superaram R$ 12 bilhões, no Crediamigo, e R$ 2,9 bilhões no Agroamigo, respectivamente, 16% e 14% maiores do que os valores contratados em 2019. Em 2024 o Crediamigo alcançou a marca de R$ 12 bilhões desembolsados, já o Agroamigo, programa de microcrédito rural orientado do BNB, contratou R$ 8,6 bilhões em 2024 em sua área de atuação.
São números bastante expressivos que dão a dimensão da importância desta política para a sociedade nordestina e sua economia produtiva. Alterar suas características e sua formatação é comprometer de forma sensível a atuação do BNB na sua metodologia, alcance e acompanhamento da promoção do desenvolvimento econômico-social em nosso país.
Afinal, o que estaria por trás de ilações apresentadas quanto à operacionalização dos respectivos Programas? A quem interessa a desestabilização do BNB no momento atual? São questões relevantes que carecem de ampla apuração em um processo de possíveis mudanças veiculadas.
Para além das disputas do campo político (ou mesmo tramas de cunho pessoal) está em questão a atuação do BNB e de seus trabalhadores, que não podem – e não devem estar expostos a tal situação perante a sociedade brasileira. Está em jogo a atuação do BNB enquanto importante instrumento público na promoção do desenvolvimento econômico-social no país. Acompanhar de perto esse processo se faz absolutamente necessário neste momento de fortalecimento da democracia e atuação das Instituições públicas.
Certos de contarmos com sua atenção, reafirmamos considerações e ficamos à disposição para o agendamento de reunião com Vossa Excelência.
Cordialmente,
Rita Josina Feitosa da Silva
Diretora-presidente
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil









