Opinião: Massacre no Rio é efeito de política desastrosa – Mais do mesmo! – Por Assis Araújo

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A última terça-feira (28) já está marcada na história do país pela mais sangrenta operação policial já registrada, em mais um triste e doloroso episódio da ação desastrosa do Estado em relação à segurança pública. A operação batizada “Contenção”, autorizada pelo Governo do Estado do Rio, atingiu a triste e revoltante marca de 121 mortos, quatro destes policiais que atuaram na ação e que, segundo as autoridades do Estado, objetivavam atingir a facção que atua em regiões da cidade.

A cena de dezenas de corpos enfileirados rodou o mundo e fez relembrar antigos episódios de horror que estão na memória recente de nosso país, como o massacre do Carandiru, caso emblemático de truculência policial que deixou 111 presos mortos, em 1992, esta promovida pela Polícia Militar de São Paulo.

O que há de comum em todos esses casos: a realidade da morte de pobres, pretos e marginalizados, historicamente alvos preferenciais desse tipo de operação, em um roteiro de violência e dor que atravessa décadas sem chegar a nenhum resultado prático contra o crime organizado, além da apreensão de armas e drogas de forma pontual. Enquanto isso, choram mães, familiares e amigos que tiveram arrancados de si pelo Estado seus entes queridos, seja de um lado ou de outro.

Especialistas alertam para a complexidade da questão. Para a socióloga Carolina Grillo, coordenadora do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (UFF), em entrevista ao Brasil de Fato, “é preciso oferecer outras oportunidades e atacar os elos entre poder público e facções, além de fiscalizar os mercados que alimentam essas redes”, dando conta da dimensão destas organizações e como achar novos caminhos para este enfrentamento.

Nesse sentido, devemos repudiar a chacina do Rio de Janeiro e conclamar toda a sociedade (Governos, academia, entidades de classe) a repensar tais práticas e operações que tem representado morte e derramamento de sangue em nosso país. É hora de parar, pensar e se perguntar: até quando?

*Por Assis Araújo, diretor de Organização e Finanças da AFBNB / Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil

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