Eficiência de estatais contradiz secretário de Desestatização

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A Caixa, responsável por 40% das poupanças e 70% do crédito habitacional, apresentou um lucro líquido de R$ 10,3 bilhões no ano passado

Dados, estatísticas e estudos de diversos órgãos de pesquisas contradizem o secretário de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar. Em evento em São Paulo, na última terça-feira, o secretário disse que não há estatal eficiente. No entanto, os números mostram que as empresas públicas brasileiras são eficientes, sim. Apenas entre 2002 e 2016, as maiores estatais brasileiras apresentaram lucro líquido de R$ 806,6 bilhões, segundo levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

A Caixa Econômica Federal, por exemplo, que é responsável por 40% das poupanças e 70% do crédito habitacional, apresentou um lucro líquido de R$ 10,3 bilhões no ano passado. Além disso, o banco é o principal agente das políticas públicas e indutor do desenvolvimento, se caracterizando como o “banco do trabalhador”, “banco do aposentado” e “banco da casa própria”.

Em 2014, 23% das empresas listadas no ranking Fortune 500 eram estatais. Levantamento do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas mostra também que o conjunto das empresas públicas nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) alcançou mais de US$ 2 trilhões, empregando 6 milhões de pessoas em 36 países.

O presidente da Federação das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Jair Pedro Ferreira, que participou na manhã desta quinta-feira de ato em defesa da Caixa 100% pública em Belo Horizonte, discordou das declarações do secretário. Na opinião do presidente da Fenae, basta ver o balanço da Caixa nos últimos anos para constatar os resultados positivos. “Mas é preciso que se diga também que as empresas estatais visam não somente o lucro em si ou os resultados financeiros de sua atuação. Qual o banco privado que investiria o que a Caixa investe em saneamento, por exemplo? Pela Caixa passa 98% do crédito imobiliário para a baixa renda no país, pois não há interesse de investimento dos bancos privados”, salientou.

Jair lembrou que uma das máximas preferidas dos defensores do estado mínimo é de que empresa estatal é sinônimo de monopólio e ineficiência. Mas escondem, segundo ele, que em países como a China, por exemplo, os bancos públicos são responsáveis por 80% do crédito no país.

Os bancos públicos respondem por quase metade dos ativos, das operações de crédito e dos depósitos totais do segmento bancário no Brasil. Além disso, as instituições financeiras públicas respondem pela operação de políticas sociais como o Bolsa Família, Habitação Popular (Minha Casa, Minha Vida), Agricultura Familiar, Abono PIS/PASEP, FGTS, Seguro Desemprego e FIES. As áreas da Cultura, Esporte e Segurança Pública também estão no guarda-chuva dos bancos públicos.

No entendimento do presidente da Fenae, as declarações do secretário só mostram que é preciso unir esforços para lutar contra a entrega do patrimônio brasileiro, construído com muito suor pelos trabalhadores e pela sociedade brasileira. “Teremos que estar juntos, e atuar coletivamente para evitar que essa entrega comprometa o futuro do país”, afirmou.

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