Greve encerra. A luta continua

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Após 23 dias de greve forte, os trabalhadores do BNB encerraram a greve nas assembleias realizadas na noite de ontem (dia 28) na maioria das capitais. Diferente do que muitos podem acreditar, encerrar a greve não significa aceitar a proposta. Simplesmente porque não houve proposta para nenhum dos pontos específicos reivindicados pela categoria: PCR, isonomia, retorno dos genitores ao plano natural da Camed, recuperação do plano BD da Capef, convocação dos aprovados…


O que se viu foi o Banco dar passos para trás, recuando. Se antes o Plano de Cargos ao menos constava no acordo – o que abriria a possibilidade de a qualquer momento ser debatido, alterado, revisado… – agora não consta mais. Se no acordo coletivo passado havia um compromisso de convocar 1300 aprovados em concurso, com prazo para isso e tudo mais, agora o que existe é uma cláusula vaga, superficial.


Recuar é aceitável, quando dentro de uma estratégia onde se prenuncie um avanço posterior. O ditado “um passo atrás e dois pra frente” retrata bem isso. Pelo que estamos vendo, não parece ser o caso do BNB. O Banco inclusive tem enviado e-mails nos quais coloca as faltas de greve dos dias 27 e 28 como ausências não abonadas, num claro desrespeito ao direito de greve e a seus trabalhadores que lutaram com dignidade por melhorias para suas vidas e suas condições de trabalho, o que refletiria naturalmente na instituição.


Mais lamentável ainda é lembrar que recentemente o Banco lançou uma campanha conclamando a todos à ética. E o que é ética? Ela deve ser unilateral, apenas do empregado para o patrão? Definitivamente a ética passa pelo respeito às relações, pelo diálogo, pela busca de soluções que beneficiem o maior número de pessoas, pela transparência, pela verdade.


A greve acabou, mas a luta deve continuar enquanto perdurarem as demandas que mobilizaram os trabalhadores do BNB em todos os estados e enquanto a gestão do BNB e o Governo Federal não perceberem que uma instituição só será forte se seus trabalhadores forem valorizados e respeitados.


Em sua intervenção na assembleia de ontem, no Sindicato dos Bancários do Ceará, a presidenta da AFBNB, Rita Josina Feitosa da Silva, falou da responsabilidade de cada um nesse processo, inclusive do Sindicato, propondo um calendário de mobilização “para que a gente não passe o ano todo adormecido e no próximo ano os grevistas serem ameaçados, culpados pelo prejuízo do Banco” – exemplificando com citações de pessoas que reclamavam quanto ao possível rebaixamento do valor da PLR “graças aos grevistas”. Os que pensam assim não enxergam – ou esquecem – que quem gera prejuízo para o Banco não é grevista, mas sim os atos de corrupção praticados na instituição, já denunciados pela AFBNB, e muitas vezes deixados de lado ou não tratados pelo BNB como esperado pela Associação.


“Essa turma que está aqui, de greve, assim como os grevistas das demais unidades, está lutando com muita responsabilidade porque quer um banco ético, um banco justo. Queremos um banco que possa cumprir com sua missão mas que também tenha trabalhador valorizado, trabalhador que sinta no sangue como é importante a gente estar desenvolvendo o Nordeste, e desenvolver começa por desenvolver as relações interpessoais e isso cabe ao sindicato, ao banco, às representações e nós grevistas estamos lutando por isso. E nós saímos de cabeça erguida”, afirmou em seu discurso, que pode ser conferido na íntegra no vídeo (veja aqui).


Mais uma vez a Associação lamenta a postura do Comando de Greve que agiu como agente dos patrões e do Governo ao não corresponderem à luta da categoria. Lamenta também a prática antissindical e o descaso do BNB com as demandas específicas de seus funcionários – PCR, isonomia de tratamento, ponto eletrônico, dignidade previdenciária e de saúde, reintegração dos demitidos e convocação dos aprovados em concurso, entre outras.


Compreendemos que a AFBNB cumpriu a sua missão e tem consciência de ter estado ao lado dos trabalhadores em todos os momentos dessa jornada. Nossos cumprimentos a todos os que lutaram por seus direitos, pela grande ousadia, coragem e dignidade.


 


Só a luta muda a vida!

A AFBNB ao lado do trabalhador


Source: Notícias – 500

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