Nesta segunda-feira (21) o mundo se despediu do primeiro Papa latino-americano e jesuíta até então. Francisco, como definiu o argentino Jorge Mario Bergoglio, exerceu seu pontificado em tempos adversos com sabedoria e resiliência, atitudes e ensinamentos que trouxeram à reflexão os temas que desafiam o mundo. Dessa forma cumpriu seu período à frente da Igreja de forma plural, inclusiva e com respeito à diversidade, sempre com parcimônia e com espírito conciliador.
Francisco, em que pese estar à frente de uma Instituição profundamente conservadora em seus valores e princípios históricos, levantou discussões até então inéditas dentro da Igreja, dando forte abertura para temas considerados tabus e que podem ser lidos como pequenos avanços dentro desse contexto. Por diversas vezes recebeu membros da comunidade LGBTQIA+ durante seu papado, além de fazer declarações favoráveis às minorias sexuais e de gênero.
O Papa também trouxe discussões sobre a crise climática, alertando para os cuidados com a “Casa Comum”, enfatizando a interdependência e a responsabilidade mútua na proteção do planeta, alertando também para desigualdade social que assola muitos países, tendo visitado a África por diversas vezes, assumindo claramente uma postura de simplicidade material em seu dia-a-dia.
Para o Padre Julio Lanceloti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua, o Papa Francisco deixa como sua marca “o amor aos pobres, aos imigrantes, aos refugiados, aos grupos rejeitados, à comunidade LGBT, a pessoas em situação de rua”, relembrando também seu modo simples de viver.
Em termos políticos, a AFBNB deixa a reflexão para os trabalhadores. Trata-se de analisar a vida e o legado de Francisco não apenas como um símbolo da pura fé católica, mas sobre como, em um mundo ameaçado por arroubos autoritários, golpes, guerras, catástrofes econômicas e a paulatina destruição da natureza e dos povos originários para benefício do Capital e seus agentes, podemos construir de forma coletiva um mundo com menos desigualdades, com desapego aos valores materiais e ao ‘fetichismo da mercadoria’ para a partir disso constituir uma vida em harmonia com as pessoas, a natureza e os recursos que temos disponíveis com mais solidariedade, compaixão e equilíbrio.
Ficou a marca de um grande líder humano focado na justiça social, na equidade e na paz.
Papa Francisco, presente, sempre!
