Pela reafirmação do BNB enquanto instituição de desenvolvimento

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No contexto das discussões que devem permear o XX Cogresso Nacional dos Trabalhadores do BNB, a Associação dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil está reeditando e lançando novos conteúdos como forma de contribuir para aqueles que participarão do evento no final deste mês de maio. São textos, teses e conteúdos que destacam a visão da AFBNB acerca do papel do Banco no tocante à sua estrategia e atuação no desenvolviemnto e das demandas que pautam as lutas da Associação.

O conteúdo está disponibilizado em um banner específico sobre o assunto e está à disposição para a leitura dos interessados.

Acompanhe, participe e debata.

Leia abaixo texto sobre o papel desenvolvimentista do Banco:

Pela reafirmação do BNB enquanto instituição de desenvolvimento

A estratégia de desenvolvimento do BNB

O conceito de desenvolvimento numa Instituição com o caráter do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) deve permear toda sua estrutura organizacional, as suas estratégias de captação e aplicação de recursos e, sobretudo, a sua política de Recursos Humanos. Assim, a concepção e o caráter de desenvolvimento devem perpassar todas as atribuições institucionais e peculiares dos cargos e das funções desempenhados pelos funcionários. Esses são elementos que devem nortear todas as atividades do Banco, pois seus funcionários são acima de tudo trabalhadores de uma instituição de desenvolvimento.

Esse entendimento constitui motivo para que a AFBNB defenda um plano de cargos e remuneração compatível com uma Instituição de Desenvolvimento, como o que é praticado em banco de desenvolvimento, semelhante ao do BNDES, por exemplo, considerando inclusive o piso salarial, e negociação salarial em mesa específica dos bancos públicos. Assim, é necessário considerar algumas especificidades como internalizar a valorização da competência e a qualificação dos funcionários enquanto responsáveis pelo cumprimento da missão de desenvolvimento.

Entretanto, até que se consiga alcançar esse objetivo, é necessário intervir na discussão do modelo atual e buscar contribuir para a sua melhoria. Considerando a realidade no banco, em especial, nas agências, o que temos é, para não dizermos a ausência de uma estratégia de desenvolvimento, algo que não se consubstancia como uma estratégia integrada, mas ações fragmentadas que não conseguem manter como foco principal o desenvolvimento. No programa de ação, por exemplo, observa-se a pouca internalização e desconhecimento de tal estratégia pela maioria dos trabalhadores do banco; É uma estratégia que parece focar todo o caráter desenvolvimentista do Banco em poucas funções e que ao mesmo tempo não há definição do que se pretende obter com elas, nem se consegue visualizar os mecanismos para o envolvimento de todos em seus processos.

Ao longo dos anos a Associação tem defendido que é fundamental ao BNB ter uma estratégia discutida e formulada em articulação com a sociedade. Essa visão contempla a organização de produtores/empresas e movimento sociais, com respaldo em uma política voltada para a região e referendada por um planejamento democrático que vise ao cumprimento de sua missão institucional. Esse processo deve se dar no âmbito da SUDENE/Ministérios e Governos Estaduais, e com forte atuação do Banco, por meio do ETENE e da Área de Políticas de Desenvolvimento, além da definição da forma de gerenciamento estratégico de sua gestão.

Essa estratégia deve permear todas as funções e precisa ter o apoio e ações concretas em nível de Diretorias, das Superintendências, dos Gestores em geral, e traduzir-se em qualificação do corpo técnicos, técnicos de campo e das Centrais, de consultores, dos agentes de desenvolvimento e dos demais segmentos de funcionários do banco.

Esse contexto remete a abordagem para uma questão bem atual e muito discutida no banco já há algum tempo, que é a reformulação do plano de funções. Um exemplo clássico é o caso da função de agente de desenvolvimento, a qual foi constituída em 1996 com a finalidade de ampliar e dar mais visibilidade às ações desenvolvimentistas do Banco, cujo titular é o responsável por ações diretas e integradas na região. De uma atribuição nobre, os agentes permaneceram um período abandonados à própria sorte e passaram a desempenhar diversas atividades uma agência, menos ações integradas de desenvolvimento.

A função passou por uma ameaça de mudança de nomenclatura para Gerente de Negócios Territoriais, o que mudaria toda a essência do trabalho, e agora se encontra em reformulação. O efetivo desse segmento foi drasticamente reduzido para cerca de 50% do quantitativo inicial, com exigência de outro perfil a partir das novas atribuições propostas.

A AFBNB tem abordado o tema estratégia de desenvolvimento do Banco em diversos documentos. Listamos abaixo alguns deles. Apesar do lapso temporal, a leitura é atual e questionadora; vale a pena ler:

A função desenvolvimentista do BNB

A Associação dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (AFBNB) foi constituída para lutar pelos direitos dos trabalhadores do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e pelo fortalecimento do Banco. Nesse intuito, busca promover a discussão em nível interno, no seio da sociedade e junto às lideranças nacionais no sentido de garantir o apoio e os recursos necessários ao BNB para realizar a sua missão primeira: reduzir as desigualdades regionais por meio da integração econômica da região com o país, com inclusão econômica e social, prioritariamente dos pequenos produtores/empresas.

Nessa perspectiva, será que adianta internalizar estratégias que visam a fortalecer o Banco no mesmo campo, por exemplo, de um banco comercial, ou voltado em especial à carteira comercial, sem o cumprimento integral de sua missão? Que sentido há em se implantar grandes projetos sem que os mesmos ajudem a transformar a vida econômica e social em volta, como aborda o texto do Projeto Nordeste?

Por isso, é importante destacar que a AFBNB é constituída por trabalhadores preocupados em construir um país justo; neste intuito, ao longo de sua história, a Associação produziu vários documentos com o objetivo de discutir e apresentar questões e propostas. Um dos exemplos históricos do protagonismo dos funcionários do Banco foi a elaboração de um documento sobre o novo perfil do BNB, no final de 2002, para ser entregue ao recém-eleito presidente Lula. É este documento que vamos resgatar hoje, considerando, novamente, o momento que estaremos vivendo, procurando alimentar o debate sobre “um Nordeste Melhor” e “um BNB que queremos”.

O objetivo do documento, denominado “O Banco de desenvolvimento do Nordeste”, foi levantar a real situação do Banco e apesentar para o futuro governo o perfil de gestão que o funcionalismo queria (quer) para o BNB. A participação dos funcionários naquele processo de reestruturação e redemocratização do Banco teve (teria), como ponto alto, a realização de um seminário envolvendo diversos segmentos da sociedade, inclusive da classe política – “café da manhã” – em novembro de 2002, em Fortaleza, com mais de 150 participantes.

O diagnóstico – elaborado por um grupo de técnicos do Banco da ativa e aposentado conhecido como equipe de transição do BNB – enumerou as características que os funcionários vislumbravam (vislumbram) como imprescindíveis para que o BNB voltasse (volte) a ser um banco transparente e de forte atuação pelo desenvolvimento do Nordeste e de toda a sua área de atuação enfim.

Como o Banco deve operar?

A proposta apresentada em 2002 continua atual em muitos aspectos. De acordo com o documento, as diretrizes que devem nortear o planejamento do Banco apontam para mudanças importantes, tanto na esfera institucional quanto no enfoque das políticas públicas, especialmente aquelas voltadas para a democratização do crédito. Conheça algumas diretrizes consideradas essenciais:

a) Sobre a ação institucional

• BNB Como Partícipe Legítimo da Concepção das Políticas Públicas para o Nordeste do Brasil em harmonia com a SUDENE (e demais instituições de desenvolvimento regional).

• Recuperação do planejamento institucional.

• O processo de definição das diretrizes estratégicas do Banco deve ser liderado pelo ETENE e Área de Políticas de Desenvolvimento.

• A atuação primordial do BNB sobre o crescimento econômico nordestino deve ter impacto máximo sobre a melhoria do padrão de vida da população.

• As atividades essenciais do BNB não podem e não devem ser entregues a empresas terceirizadas e quarterizadas.

• O BNB deve urgentemente recuperar sua massa crítica (capacitação do funcionalismo para o desenvolvimento do planejamento do banco em todas as suas dimensões e de sua implementação).

• BNB deve envidar esforços para incrementar o nível de cooperação entre todos os órgãos atuantes no processo de desenvolvimento econômico e social regional.

• O BNB deve fortalecer a massa crítica existente nas universidades nordestinas a partir de demandas de estudos de relevância para a economia regional.

• Avaliação e recredenciamento da rede de escritórios elaboradores de projeto e reestruturação das centrais de análises de crédito do BNB.

b) Sobre o direcionamento do crédito:

• BNB deve dar ênfase no apoio às micros, pequenas e médias empresas da Região (MPMEs) e às diversas formas de associações de produtores rurais e urbanos.

• Banco deve apoiar o fortalecimento das MPMEs e Associações de Produtores através da garantia de acesso ao crédito, à tecnologia e a mercados.

• BNB deve promover a organização de redes de cooperativas e procurar  desmantelar as estruturas institucionais que afetam principalmente os mercados, que são oligopolizados.

• Banco deve apoiar decisivamente o processo de diversificação econômica nas áreas de monoculturas.

• Banco deve apoiar o fortalecimento da infraestrutura econômica e social que atenda às MPMEs e as associações de produtores.

• BNB deve dar especial atenção à competitividade das atividades a serem apoiadas.

Por fim, o documento aponta que o BNB deve manter diretrizes estratégicas compatíveis com o padrão de crescimento e desenvolvimento econômico do Brasil atual. O BNB tem que promover mudanças essenciais visando consistência de sua política desenvolvimentista com as estratégias políticas estaduais, regionais e nacionais.

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