Visão privatista e contrária a Bancos Públicos dificulta ações imediatas do governo

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Representantes de funcionários de Bancos Públicos federais apontam que o enfoque econômico do governo, ao privilegiar instituições financeiras privadas, tem dificultado ações imediatas mais contundentes para enfrentar os efeitos econômicos causados pela crise do novo coronavírus.

A constatação foi um dos principais pontos abordados no debate virtual “Bancos Públicos: fundamentais no enfrentamento à crise“, promovido por Rita Serrano, representante eleita dos funcionários no Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal.

Serrano lembrou que os Bancos Públicos têm “muita história relacionada ao desenvolvimento do País e, nos últimos anos, têm sido muito atacados”.

“O Banco do Nordeste [BNB] e o BNDES [Banco de Desenvolvimento Econômico e Social], por exemplo, foram criados no segundo período do governo Vargas, no bojo de um projeto político de desenvolvimento para o País”, resgatou.

Arthur Klobitz, da Associação dos Funcionários do BNDES, reforçou que, nos anos recentes, mecanismos importantes foram retirados dos Bancos Públicos para o cumprimento de sua missão institucional. No caso da instituição em que trabalha, o fim da taxa de juros especial empregada anteriormente foi substituída por índice que acompanha as variações do mercado privado.

“Nós tivemos uma mudança drástica no Banco, que foi a mudança na taxa de juros subsidiados. Em uma crise como essa, a taxa tende a subir. Como um banco de desenvolvimento vai atuar se a taxa está na contramão do papel dele?”, pontuou.

Ele citou ainda a ausência de coordenação entre as direções dos Bancos Públicos como exemplo de uma postura que “tem dificultado o governo tomar medidas mais imediatas no combate à crise” por conta da visão privatista deste.

Débora Fonseca, representante dos empregados no Conselho do Banco do Brasil, afirmou que o Executivo federal reluta não só em reconhecer as questões sanitárias relativas à pandemia, mas também o potencial das instituições bancárias sob seu controle.

Como exemplo, citou a desorganização e a ocorrência de grandes filas nas agências da Caixa, instituição até o momento que opera a grande maioria dos repasses do auxílio emergencial: “Negacionista também no sentido de admitir o papel dos Bancos Públicos, tentando enfraquecê-los, criar uma imagem negativa, de forma a criar o caos”.

Rheberny Oliveira, do Conselho do BNB, e Gilson Lima, presidente da Associação dos Funcionários do Banco da Amazônia destacaram o papel das instituições a pequenos tomadores de empréstimo, o que deveria ser fortalecido neste momento.

“Nós sabemos que essa parcela da população sofre muito mais no período de crise”, disse Oliveira em relação ao micro-crédito, uma das áreas em que atua o BNB. “O Banco da Amazônia tem a maior contribuição em relação ao fomento na região, conseguindo atingir o pequeno agricultor familiar”, complementou Lima.

 

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