O impacto é consequência das operações de crédito referentes do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), CrediAmigo e AgroAmigo. Ao todo, foram aplicados R$ 8,2 bilhões no Estado em 2019
Os aportes realizados pelo Banco do Nordeste, entre recursos próprios e do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), geraram ou mantiveram cerca de 618,2 mil empregos no Ceará em 2019. Ao todo, foram aplicados R$ 8,2 bilhões no Estado, distribuídos em 1,79 milhão de operações, configurando crescimento de 7% em número de financiamentos e 2,9% em valores, de acordo com o balanço do banco divulgado ontem (19).
O volume de recursos aplicados no Ceará representa 20% do total desprendido pelo BNB em todo a região Nordeste e norte de Minas Gerais e do Espírito Santo (R$ 42,16 bilhões) – colocando o Estado na terceira colocação, atrás do Piauí (R$ 3,57 bilhões) e do Maranhão (R$ 5,11 bilhões).
Somente do FNE, o banco aplicou mais de R$ 4,1 bilhões no Ceará em mais de 75 mil operações, que ajudaram a criar ou manter 257,2 mil empregos e aumentou em R$ 2,3 bilhões a massa salarial do Estado. O aporte também incrementou em R$ 1,5 bilhão na arrecadação tributária estadual e de R$ 14,6 bilhões no valor bruto da produção, além de R$ 7,9 bilhões a mais no valor adicionado à economia.
Cerca de 64% dos recursos do fundo foram para minis, micros, pequenas ou pequenas-médias empresas, de acordo com o balanço do banco. As médias e grandes empresas cearenses são responsáveis pelos 36% restantes. Entre os segmentos, comércio e serviços receberam 54% de todo o FNE aplicado no Estado, seguido pela pecuária (20%) e indústria (18%).
Em 2020, a estimativa é que seja aplicados R$ 4,4 milhões do FNE. Em toda a área de atuação do banco, devem ser cerca de R$ 29,3 bilhões.
Microcrédito
Também foram aplicados R$ 3,47 bilhões no Ceará através do CrediAmigo, linha de microcrédito urbano do BNB, por meio de 1,68 milhão de operações. O valor é 21% maior que o aportado em 2018. Os financiamentos contribuíram para gerar ou manter 273,8 mil empregos, com aumento de R$ 2,4 bilhões na massa salarial. Ainda houve incremento de R$ 1,2 bilhão na arrecadação tributária, de R$ 12,9 bilhões no valor bruto da produção e de R$ 6,4 bilhões no valor adicionado à economia. Neste ano, é prevista a aplicação de R$ 3,8 bilhões.
Já o AgroAmigo, linha de microcrédito rural, representou R$ 311,1 milhões em 62,3 mil operações de crédito no ano passado. Os aportes geraram ou mantiveram 87,2 mil postos de trabalho no campo, aumentando em R$ 366,4 milhões a massa salarial. A arrecadação tributária foi de R$ 71 milhões; o valor bruto da produção, em R$ 1,1 bilhão; e o valor adicionado à economia, em R$ 655,2 milhões.
Ao todo, foram 1,74 milhão de operações de microcrédito no Ceará, totalizando R$ 3,8 bilhões, cerca de 19,4% a mais que em 2018. O valor é o maior dos últimos seis anos, segundo o balanço do banco.
Ciclo dos micronegócios
O apoio aos microempre-sários na cidade e no campo foi apontado pelo presidente da instituição, Romildo Rolim, como o principal impulsionador dos resultados do BNB em 2019. Rolim apontou 2018 como responsável por uma demanda acima da média, no que chamou de “crédito responsável”, em que “o empresário efetivamente estudou o seu mercado, sabe do seu nicho de mercado, sabe para quem vai vender e sabe da certeza do sucesso do empreendimento”.
“No Nordeste, podemos tirar uma forte comprovação disso com os programas de microcrédito. Pelo novo conceito de trabalho, o cliente não tem um emprego formal, mas ele gera renda. Vende artesanato, comercializa, tem uma carrocinha de cachorro quente, vende bolo, picolé, cosméticos, porque sabe a quem vender, ela compra, recebe, tem resultado e renova o ciclo de compras dela. O BNB faz essa mesma renovação porque a cliente paga, é adimplente e renova”, ressaltou.
Grandes negócios também foram mencionados na coletiva de balanço anual do BNB, principalmente o agrone-gócio, e apontados como âncoras de pequenos empreendedores. “Lógico que alguns negócios são descartados. Não é o momento, o mercado não está maduro ou não recuperou ainda, mas com o que fizemos, conseguimos aplicar todo o recurso e, com velocidade, conseguiu esse resultado operacional de atendimento das demandas”, observou.
As operações do banco ao longo do ano geraram um lucro líquido de R$ 1,73 bilhão, o equivalente a um crescimento de 135% em relação a 2018. Para Rolim, o resultado é conse-quência de uma análise de risco mais aprofundada, com redução da inadimplência, bem como a otimização dos processos internos do banco.
PDV em 2020
O presidente do BNB revelou ainda que negocia com o Ministério da Economia um novo Programa de Desligamento Voluntário (PDV) para a instituição. “Sempre tem pessoas que estão no seu tempo de se aposentar, e é sempre bom ter um plano vigente. Estamos conversando com o Ministério da Economia, mas são tratativas iniciais para ver se temos algo aprovado para 2020”. No ano passado, o PDV contabilizou 268 funcionários desligados no banco.
Já sobre a criação ou fechamento de agências, Romildo Rolim foi categórico ao descartar a possibilidade. Segundo enfatizou, o objetivo do BNB é “crescer, mas de forma diferente, como o mercado e a concorrência nos exigem”. “Queremos nos manter com a infraestrutura que está aí para ser nossa base, nosso suporte para estar estrategicamente localizado e ser âncora para nossas atividades”, afirmou.