Assédio moral é novo modelo de gestão nos bancos

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Trabalhar sobrecarregado, ter de cumprir metas diárias e sofrer cobranças fora do horário de trabalho se tornaram situações comuns no dia-a-dia de muitos trabalhadores. Porém, de acordo com a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT), Sofia Vilela de Moraes e Silva, atitudes como essas se configuram como assédio moral no trabalho. O assunto foi abordado na terceira mesa do Seminário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, nesta quarta-feira (10).

A procuradora explicou que o assédio moral no trabalho pode acontecer por gestos, palavras ou comportamentos. “A tecnologia possibilita que o assédio moral aconteça de outras formas. Muitas denúncias que recebo, geralmente, já vêm acompanhadas de provas, como e-mails enviados além do horário de jornada com cobranças, áudios e conversas de aplicativos de mensagens”, disse.

As metas abusivas estipuladas pelos empregadores também são consideradas como tal prática, de acordo com Sofia Silva. “Para se configurar como meta abusiva, a cobrança tem de ser repetitiva e sistemática, extrapolar a razoabilidade e atingir o psicológico do trabalhador”, explicou.

Nos bancos, a forma mais comum de assédio moral é organizacional, quando um trabalhador cobra o outro, pois todos da empresa precisam bater a meta. Já o assédio moral interpessoal, acontece entre o superior e o trabalhador e vice-versa e entre colegas de trabalho da mesma hierarquia.

Segundo a procuradora do trabalho, para combater o assédio moral nas empresas, é preciso aumentar a fiscalização, a punição e estimular o judiciário a definir punições que façam os empregadores reverem suas atitudes com os funcionários.

Programas de Avaliação de Resultados

A última mesa do Seminário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT abordou a subjetividade no novo modelo de gestão dos bancos e como ela é implantada nos programas de avaliação por performance, aplicado pelas empresas, como o Programa de resultados AGIR/Trilhas do Itaú.

Para o psicólogo André Guerra, é importante ter a compreensão do modo de poder opressivo e sedutor que vem se instalando nas empresas junto com as novas tecnologias. “O Trilhas (programa de resultados) possui uma série de variedades subjetivas, dentre elas: funcionário com atitude de dono e foco no cliente, tudo isso faz com que as pessoas “sejam seduzidas” e pensem que a avaliação ajuda o profissional a se aperfeiçoar. Mas, não. Essa subjetividade é um alimento para o assédio moral”, disse.

Uma das estratégias de enfrentamento contra essas ferramentas, que promovem o assédio moral, é ter conhecimento dessa tecnologia. “Precisamos ir até a nossa base e expor que não é da forma como o programa de resultados está sendo apresentado, mas sim, promove o assédio moral coletivo, quando estabelece uma avaliação de excelência inatingível. Mas, ao mesmo tempo, precisamos tomar cuidado para que essas pessoas não se tornem nossas adversárias, porque isso pode acontecer”, concluiu o psicólogo.

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