Como a desigualdade espalha devastação

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Entre 1990 e 2015, o 1% mais rico do mundo foi responsável, sozinho, por 15% das emissões de CO². A metade mais pobre contribuiu com apenas 7%.. Viagens de avião e veículos de luxo SUV estão entre os grandes vilões do clima

Um relatório da Oxfam, na DW Brasil | Imagem: Matt Chinworth

O 1% mais rico da população mundial é responsável por mais que o dobro das emissões de CO2 produzidas pela metade mais pobre, mostra um estudo divulgado nesta segunda-feira (21/09) pela ONG internacional Oxfam.

O relatório se concentra em dados coletados entre 1990 e 2015, período em que as emissões dobraram em todo o mundo. O 1% mais rico (63 milhões de pessoas) foi responsável por 15% das emissões globais no período – enquanto a metade mais pobre da população global emitiu apenas 7%. Os 10% mais ricos (630 milhões de pessoas), por sua vez, foram responsáveis ​​por mais da metade (52%) das emissões durante esse período.

De acordo com a pesquisa, conduzida em parceira com o Instituto Ambiental de Estocolmo, o tráfego é um dos principais vilões do clima, em especial as viagens de avião. Entre 2010 e 2018, a organização aponta que os veículos SUV foram os segundos maiores impulsionadores das emissões.

O relatório foi divulgado às vésperas da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, que começa nesta terça-feira. Um dos temas a ser discutido são as mudanças climáticas

O estudo mostra que, para alcançar a meta estabelecida pelo Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, os 10% mais ricos teriam que reduzir suas emissões cerca de dez vezes até 2030.

Além disso, segundo o relatório, para manter as mudanças climáticas sob controle, será necessário ajudar os países mais pobres a se desenvolver de forma limpa e implementar medidas rígidas para conter o consumo excessivo dos ricos.

Para Tim Gore, chefe da política climática da Oxfam e principal autor do relatório, a ação voluntária de indivíduos não é suficiente para conter as emissões e o aquecimento global, e é necessário que os governos impulsionem mudanças.

Na Alemanha, por exemplo, os 10% mais ricos (8,3 milhões de pessoas) foram responsáveis ​​por 26% das emissões de CO2 no país no período examinado pela Oxfam. A metade mais pobre da população, que é cinco vezes maior (41,5 milhões), emitiu quase a mesma quantidade: 29%.

Na semana passada, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu que a União Europeia diminua as emissões de gases do efeito estufa em 55% até 2030 em relação aos níveis de 1990. A meta atual é 40%. Em discurso aos eurodeputados, ela afirmou que a meta é “demais para alguns e muito pouco para outros”, mas alcançável.

No relatório, a Oxfam destacou que, “apesar das fortes quedas nas emissões de CO2 em 2020 ligadas à pandemia covid-19, a crise climática – impulsionada pela acumulação de emissões na atmosfera ao longo do tempo – continuou a se agravar”.

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