Fiocruz: avanço da covid-19 na Europa e Ásia Central serve de alerta ao Brasil

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Pesquisadores recomendam que flexibilização deve ser feita de forma “segura e responsável” até que 80% dos brasileiros estejam devidamente imunizados

Mesmo com quase 70% da população completamente vacinada, Alemanha vem registrando seguidos recordes de novos casos

São Paulo – Para pesquisadores do Observatório da Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a nova onda da covid-19 em países da Europa e da Ásia deve servir de alerta ao Brasil. Somente nesta semana as regiões registraram quase 1,8 milhão de novos casos. Sobre a Europa especificamente, destacam que o continente é hoje o epicentro da pandemia. Desde o início do mês passado, houve aumento superior a 55% em novas infecções. E as taxas de hospitalização mais que duplicaram nesse período.

O avanço da vacinação também é desigual entre os países. Enquanto oito deles já ultrapassaram cobertura de 70%, dois permanecem abaixo de 10% da população totalmente imunizada. Onde a adesão é baixa, como em países do Báltico, Europa Central e Oriental e nos Balcãs, as taxas de internação são maiores. Contudo, mesmo em países que avançaram mais rapidamente o agravamento da pandemia também vem sendo percebido.

É o caso da Alemanha, por exemplo, que registrou novo recorde de 50 mil casos diários nesta quinta-feira (11), apesar de 69,9% da população estar completamente imunizada. Para os pesquisadores da Fiocruz, o avanço da vacinação, que resultou na redução do número de casos, acabou levando a uma “flexibilização precoce” nas medidas de isolamento e retomada das medidas.

Um dia antes, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que a situação do país é “dramática” em função do aumento na ocupação dos leitos de UTI. “Infelizmente tenho que dizer que nossa taxa de vacinação não é alta o suficiente para impedir a rápida disseminação do vírus”, disse Merkel, em vídeo publicado nas redes sociais.

A missão, segundo ela, é ampliar rapidamente a vacinação para a população em geral, além das doses de reforço para os acima de 60 anos. Outra tarefa, mais delicada, é saber quando aplicar novas medidas restritivas.

Precaução

Para o Brasil, vale o “princípio da precaução“. Até que pelo menos 80% dos brasileiros estejam devidamente imunizados contra a Covid, a Fiocruz recomenda a manutenção de todos os cuidados. E questionam o abandono do uso de máscaras e a flexibilização das medidas de distanciamento, como já vem ocorrendo em algumas regiões do país. Até o momento, 58,9% da população está totalmente imunizada, ainda distante do patamar considerado “ideal”.

“O relaxamento do distanciamento físico é inevitável agora, mas ele deve ser feito de forma responsável e segura. A recomendação é de que, enquanto caminhamos para um patamar ideal de cobertura vacinal, medidas de distanciamento físico, uso de máscaras e higienização das mãos sejam mantidas”, afirmam os cientistas em publicação da Fiocruz. Além disso, apelam para que a população evite concentrações. E que a presença em aglomerações só seja permitida mediante apresentação de comprovante de vacinação.

Covid no Brasil

Nesta sexta-feira (12), o Brasil registrou 267 óbitos pela covid-19 confirmados, totalizando 610.491 desde o início do surto, em março de 2020. A média móvel de óbitos nos últimos sete dias está em 204, com leve queda, menor patamar desde o final de abril do ano passado. Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), foram confirmados 14.598 novos casos nas últimas 24 horas.

Os pesquisadores da Fiocruz, no entanto, fazem um alerta também para o risco de recrudescimento da pandemia de covid-19 durante a temporada de férias e festas que se aproxima. Por outro lado, também chamam atenção para a desaceleração da aplicação da primeira dose da vacina, desde setembro. No mês seguinte, o crescimento diário foi de apenas 0,08%. “Temos a possibilidade de chegar a uma cobertura de 86% da população, somente considerando adolescentes e adultos, e não podemos considerar satisfatória uma estagnação em torno de 73%”, destacam os cientistas.

Números da covid desta sexta-feira no Brasil. Fonte: Conass

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