Golpes, sites falsos e aplicativos piratas: a segurança digital durante a pandemia

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Aumento do uso da internet requer mais cuidado com fraudes e golpes na rede; especialista dá dicas de como se proteger

Rodolfo Avelino alerta também para o avanço dos mecanismo digitais de controle. “Depois dessa quarentena, a gente terá um mundo muito mais perigoso relacionado as questões de vigilância e rastreamento – Marcello Casal Jr | Agência Brasil

Com a pandemia do novo coronavírus e o necessário isolamento social para prevenção da doença, o teletrabalho, aulas online, a comunicação com amigos e familiares, compras e momentos de lazer online aumentaram a movimentação na rede. Isso sem contar a maior intensidade na busca por informações que apresentem caminhos para superar a epidemia, desde formas de cuidado ao acesso de benefícios para o trabalhador.

Mas o crescimento do uso dos recursos da internet também requer aumento nos cuidados para evitar acessos indevidos, entrada de vírus nos dispositivos eletrônicos ou golpes aplicados pela web. O pesquisador em segurança e privacidade de dados, Rodolfo Avelino, explicou ao Brasil de Fato que gigantes como o Google tem detectado um fluxo acima da média de malwares e phishing.

“Em uma semana que foi do dia 6 ao dia 13 de abril, o Google informou que conseguiu acompanhar no seu monitoramento aproximadamente 18 milhões de e-mails por dia com algum tipo de malwares ou phishing, que é essa ação de conduzir esta pessoa para um ambiente falso. É um número muito expressivo para que as pessoas ao entrarem nesses sites, por exemplo, forneçam informações pessoais ou baixem um aplicativo que esteja comprometido”, analisa Avelino.

São chamados malwares os vírus, cavalos de troia, spywares e ransomwares, ou qualquer arquivo que tenha objetivo de causar danos. Por phishing, entende-se todas as formas utilizadas por criminosos digitais para obter informações pessoais, como senhas ou cartão de crédito, CPF e número de contas bancárias. Em geral, fazem isso enviando e-mails falsos ou direcionando o usuário a websites falsos.

Ambiente inseguro

Avelino íntegra o Coletivo Digital Actantes, que desde 2013 atua promovendo cursos e formações voltadas aos direitos humanos no ambiente digital, e explica que esses mecanismos de phishing já existiam antes da pandemia, mas o problema se intensificou.

Entre os fatores estão não só o aumento do uso de ferramentas digitais, mas também devido a falta de implementações de questões de segurança, a falta de conhecimento das pessoas nestes recursos e o próprio desespero das pessoas diante da crise de saúde e econômica.

Um exemplo é o próprio aplicativo do auxílio emergencial para trabalhadores informais. O especialista relata, por exemplo, que uma semana após a aprovação do benefício foi divulgada a loja de aplicativos do Google registrou mais de 20 aplicativos do auxílio que eram falsos.

“Se você pega a periferia as pessoas estão atrás desse recurso e da sua sobrevivência. Há uma grande parte de pessoas estão com status de análise. Se elas recebem um e-mail ou um SMS, falando ‘olha você está com status de aguardando forneça mais informações para que você consiga a liberação do seu benefício’. É a forma como os fraudadores agem eles mandam para milhões de pessoas e as mais vulneráveis acabam fornecendo os dados pessoais”, explica o pesquisador.

Privacidade

Além do ataque de fraudadores, um outro eixo da segurança de dados é a questão da vigilância e privacidade dos usuários da rede que estão sob o controle do Estado. Nesse momento de confinamento, tecnologias de rastreamento estão sendo implementadas em relação a áreas que tendem a seguir a quarentena.

No Brasil, em parceria com cinco operadoras de telefonia, o governo federal, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), tem acesso a dados de geolocalização de celulares para monitorar os deslocamentos da população desde o dia 14 de abril.

O governo de São Paulo também dispõe do recurso a partir de um acordo em parceria com as operadoras Vivo, Tim, Oi e Claro. Segundo a gestão estadual, o objetivo é analisar deslocamentos para indicar tendências e apontar a eficácia das medidas de isolamento social.

Para Avelino o problema é que não há garantias de que os dados serão mantidos em anonimato ou não serão utilizados para outros fins, uma vez que os brasileiros estão “órfãos” de proteção legislativa em torno destas tecnologias.

“Não é possível garantir, por exemplo, que os dados que eu alimentei no robozinho Ministério da Saúde não possam ser utilizados para outras finalidades. Eu não consigo porque está no ambiente deles e eu não tenho acesso ao ambiente deles. Nesse sentido a legislação é fundamental. A Lei de Proteção de Dados pessoais (LGPD) brasileira precisa estar em vigor para que essas coisas sejam minimizadas”, ressalta ele.

A LGPD foi sancionada em 2018, durante o governo de Michel Temer. Os artigos, determinações e, principalmente, a agência brasileira de proteção de dados da lei deveriam ser implementados a partir de agosto deste ano. Mas o governo federal adiou o prazo para 3 de maio de 2021 por meio de medidas provisórias no Congresso Nacional.

“Temos esses problemas e são tecnologias que vão perdurar depois da pandemia, a forma como os dados estão sendo coletados. Depois dessa quarentena, a gente terá um mundo muito mais perigoso relacionado as questões de vigilância e rastreamento, isso vai ficar um legado futuro com certeza”, alerta Avelino.

Depois dessa quarentena, a gente terá um mundo muito mais perigoso relacionado as questões de vigilância e rastreamento.

Dicas

O especialista Rodolfo Avelino listou algumas dicas na hora de navegar pela internet e utilizar a tecnologia:

1) Sempre manter o sistema operacional do aparelho móvel e do computador atualizado.
A atualização é essencial para estar protegido de algumas falhas.

2) Ter ferramentas de detecção de fraudes, que eram chamados de antivírus e hoje são chamados de antimalwares. Elas ajudam a detectar ambientes, aplicativos, sites falsos.

3) Mais atenção para o uso dos celulares, de um modo geral, as pessoas não se preocupam com os cliques que dão no aparelho como se preocupam com os que dão no computador.

Se a pessoa recebe um e-mail no computador que tenha um link suspeito ou ela vai ver onde está sendo direcionado ou ela vai ter o endereço, que não conhece a pessoa, e ela não clica. Agora no celular as pessoas não tem essa mesma cultura, então ela recebe um SMS falando da situação do benefício dela, ela vai clicar e preencher os dados. As pessoas não têm os mesmos cuidados com os celulares.

4) Não instalar aplicativos antes de fazer uma consulta. “Antes de instalar pega o nome, faz uma pesquisa, verifica se já tem alguma informação relatada com relação aquele aplicativo.”

5) Não clique em links ou instale aplicativos de origem desconhecida. 

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