Na Rede TVT, Sérgio Takemoto defende a atuação dos bancos públicos e a democracia

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Vice-presidente da Fenae concede entrevista ao programa Bom para Todos. Ele, na ocasião, reafirma a Caixa pública, social e forte e denuncia que a reestruturação está destruindo o banco, voltando sua atuação exclusivamente para a área comercial

“O governo federal desmantela a Caixa Econômica Federal e vende as partes mais lucrativas do maior banco público e social do país. A medida, que atinge diretamente o cidadão brasileiro, principalmente o das regiões mais afastadas e a parcela mais pobre, significa menos recursos para a instituição, para o Brasil e para o repasse aos programas sociais”.

Os dilemas provocados pelas políticas de privatização dos bancos públicos, com reflexos nefastos para o serviço e para a atuação das empresas públicas em prol do desenvolvimento e do atendimento à população, foram alguns dos temas debatidos por Sérgio Takemoto, vice-presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), durante entrevista ao vivo para o programa Bom para Todos, da Rede TVT, realizada nesta quinta-feira, dia 12.

O debate foi conduzido pela apresentadora Talita Galli e contou ainda com a participação de Sérgio Ricardo Antiqueira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Administração e Autarquias do Município de São Paulo (Sindsep/SP). Na ocasião, aliás, os espectadores puderam fazer perguntas aos entrevistados pelas redes sociais da TVT e pelo WhatsApp.

Na entrevista, Takemoto defendeu a importância da proteção ao patrimônio público e à soberania nacional. Esclareceu que, com base em recurso da Fenae e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) impede o governo federal de vender empresas estatais (as chamadas empresas mãe) sem o aval do Congresso Nacional, embora esteja liberado para negociar as subsidiárias dessas empresas públicas sem licitação ou autorização do Legislativo.

Diante disso, segundo o vice-presidente da Fenae, a Caixa vem vendendo parte da instituição, principalmente a área mais rentável. “Fez isso com a Loteria Instantânea Exclusiva (Lotex) e tem a intenção de privatizar seguros, cartões e parte da gestão de ativos. Quer vender as partes mais lucrativas de um banco. A consequência disso é a redução cada vez maior dos recursos destinados aos programas sociais”, alerta.

Sérgio Takemoto afirma também que os trabalhadores e a população devem lutar contra a destruição dos bancos públicos. “Defendê-los é defender a democracia. Apenas os bancos públicos disponibilizam recursos para os programas sociais”, pontua.

Reestruturação

Sobre o processo de reestruturação imposto pelo governo à Caixa e outros bancos públicos, Sérgio Takemoto contesta o fato de estar havendo uma redução do quadro de empregados e um sucateamento no atendimento. E completa: “Até 2014, a Caixa contava com 101 mil trabalhadores e, agora, há algo em torno de 84 mil. Hoje, através de sucessivos planos de demissões, houve uma redução de cerca de 20 mil nesse contingente. Isso está gerando sobrecarga de trabalho, adoecimento dos empregados e queda na qualidade do atendimento”.

Segundo o vice-presidente da Fenae, a falta de pessoal e a perda da capacidade de atendimento, combinada com a situação de áreas importantes estarem sendo desativadas e desmobilizadas com queda de atribuições, geram péssimas imagens para a população dos serviços prestados pela Caixa. “É o mesmo roteiro aplicado pelo governo Fernando Collor de Mello. “Na época, início dos anos 90, os empregados da Caixa e os servidores públicos eram chamados de marajás, tal como hoje são denominados de parasitas”, sentencia.

Isso, para Takemoto, abarca toda uma questão orquestrada com o propósito de, em seguida, argumentar que os bancos públicos não servem para nada.  “Precisamos mostrar a toda a sociedade a importância de que o banco continue cumprindo sua função social. Por isso, a luta pela manutenção da Caixa 100% pública”, pontua.

O vice-presidente da Fenae explica ainda que a reestruturação está transformando o banco e voltando-o para uma atuação mais comercial. Essa política, segundo ele, prejudica o trabalhador a atinge diretamente cada cidadão brasileiro.

“Diferentemente dos bancos públicos, as instituições financeiras privadas só querem o lucro. Eles não vão querer atuar em áreas que não dão rentabilidade. Se não tivessem a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, como estariam as tarifas bancárias?”, questiona Sérgio Takemoto.

Dia 18: defesa do serviço público e da democracia

No debate na Rede TVT, Sérgio Takemoto convocou os empregados da Caixa a participarem das manifestações do dia 18 de março, quarta-feira da próxima semana. Nessa ocasião, por iniciativa da Central Única dos Trabalhadores (CUT)  e das demais centrais sindicais do país, haverá o dia nacional de lutas e paralisações em defesa dos serviços públicos, dos empregos, dos direitos, da democracia e pela educação.

O vice-presidente da Fenae diz que o momento é oportuno para o país discutir o papel das empresas públicas, fundamentais para a promoção social e para diminuir a desigualdade. “O atual governo não está interessado em políticas públicas. São as camadas mais pobres da população, justamente aquela que mais necessita do Estado, que estão sendo desassistidas neste momento”, destaca.

Sérgio Takemoto conclui sua participação no debate da TVT afirmando ser necessária uma reflexão sobre o papel do serviço público, que promove o bem-estar social e o desenvolvimento do Estado. Por isso, segundo ele, “é fundamental a defesa por uma Caixa forte, pública e social”.

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