Início Saiu na Imprensa NO MÊS DO SETEMBRO AMARELO, FENAE REAFIRMA QUE TODA VIDA IMPORTA

NO MÊS DO SETEMBRO AMARELO, FENAE REAFIRMA QUE TODA VIDA IMPORTA

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Campanha conscientiza população sobre prevenção ao suicídio e alerta para as situações de saúde mental. Na Caixa, mais de 42% dos empregados apresentaram problemas de saúde associados ao ambiente de trabalho

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Setembro é o mês mundial de prevenção ao suicídio e a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) alerta sobre o mal que afeta cada vez mais a categoria bancária no Brasil. A esse respeito, a Fenae avalia que o tema de transtorno mental tem ligação direta com depressão, ansiedade, estresse, síndrome de burnout e síndrome do pânico. Falar de adoecimentos mentais, no entanto, não necessariamente é abordar a questão do suicídio. Os casos pipocam no Brasil, na Caixa e em outros ambientes, resultado da política econômica do atual governo.

Pesquisas realizadas pela Fenae sobre a saúde dos bancários da Caixa revelam o nexo causal entre os métodos de gestão do banco e o adoecimento da categoria, situação provocada por metas abusivas, cobranças por resultados, assédio moral e sexual e sobrecarga de trabalho, aliadas a incertezas em reestruturações feitas sem o mínimo de planejamento. É também cada vez mais comum a preocupação psicoemocional com uma eventual privatização dos bancos públicos.

O fenômeno é complexo e afeta indivíduos de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades. Para enfrentar o suicídio como um importante problema de saúde pública, com impactos na sociedade como um todo, é que desde 2014 entidades de profissionais de saúde realizam uma campanha nacional para prevenir e reduzir os casos no país. É o Setembro Amarelo, cujo propósito é buscar uma forma de conscientização sobre os transtornos mentais, ajudando a desmistificá-los. Uma constatação: na busca para valorizar a vida, a prevenção é a melhor escolha.

No Brasil, os números são alarmantes. O país é o oitavo com maior índice de suicídios no mundo, segundo ranking da Organização Mundial de Saúde (OMS). Desde 1980 o registro é de aumento de 60% na taxa dessa doença, com tendência desses números serem ainda maiores, por conta das subnotificações dos casos. Apenas na Caixa, em 2021, de acordo com dados obtidos por pesquisa da Fenae, 42% dos empregados apresentam problemas de saúde associados à atividade laboral. Destes, 75% estão relacionados à saúde mental, com afastamento por licença médica em patamares preocupantes: 33% por depressão, 26% por ansiedade, 13% pela síndrome de burnout e 11% por síndrome de pânico.

Ainda na Caixa, seis em cada 10 empregados já sofreram assédio moral e quase 70% já presenciaram esta prática nociva no ambiente de trabalho. A situação é grave e preocupa cada vez mais, dado que as muitas denúncias Brasil afora ligam as condutas abusivas, a sobrecarga de trabalho, a pressão por metas e os casos humilhantes e constrangedores nas unidades do banco diretamente ao assédio moral e sexual.

“Sob o governo do presidente Jair Bolsonaro, a gestão na Caixa tem estimulado o assédio moral e sexual, combinadas com outras práticas igualmente repulsivas. O combate a esse modelo de administração que adoece os trabalhadores faz parte da luta da Fenae por condições decentes de trabalho. O quadro piorou muito nos últimos anos”, denuncia o presidente Sergio Takemoto. Ele defende a implementação, pela Caixa, de uma política séria de saúde do empregado, com destaque para a saúde mental. “Isso ajudaria a reduzir o suicídio no banco e no país, dado que a questão se apresenta como um desafio coletivo que precisa ser colocado em debate”, reitera.

A diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus, critica o método assediador de gestão no banco público, classificado por ela como maior fator de doença mental dos trabalhadores. “A cada dia aumentam os casos de denúncias de que o trabalho na Caixa adoece os empregados. É urgente que as entidades representativas articulem ações em defesa dos direitos dos bancários, coibindo assim práticas abusivas de gestão”, declara.

Em recente reunião com a atual presidente da Caixa, Daniela Marques, Sergio Takemoto (Fenae) e Leonardo Quadros (Apcef/SP) abordaram a questão do adoecimento dos empregados do banco, cobrando imediatas melhorias das condições de trabalho. Na ocasião, no que se refere às denúncias de assédio moral e sexual no banco, os dirigentes reivindicaram a divulgação do resultado das apurações dessas denúncias, com punição dos responsáveis.

Histórico do Setembro Amarelo

Por iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Conselho Federal de Medicina, Setembro Amarelo é a campanha brasileira que marca o mês dedicado à prevenção ao suicídio, iniciada em 2015. A data de 10 de setembro foi escolhida como Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio desde 2003, com o propósito de chamar a atenção de governos e da sociedade civil para a importância do assunto.

Diferentemente de outras iniciativas, a exemplo do Dezembro Vermelho (prevenção ao HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis) e do Outubro Rosa (prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama), o Setembro Amarelo não é reconhecido oficialmente em âmbito nacional por lei federal. Desde 2015, durante o mês da campanha, vários estados e municípios passaram a iluminar locais públicos com a cor amarela, como ocorreu com o Cristo Redentor (RJ), o Congresso Nacional (DF) e o Estádio Beira Rio (RS). Tudo é feito para promover eventos que abram espaço para debates sobre suicídio, divulgando o tema com alerta à população.

A origem do Setembro Amarelo e de todo esse movimento de conscientização contra o suicídio data de 1994 e é baseada na história de Mike Emme, nos Estados Unidos. É que o jovem americano de apenas 17 anos tirou a própria vida dirigindo um carro amarelo. Seus amigos e familiares distribuíram no funeral cartões com fitas amarelas e mensagens de apoio para pessoas que estivessem enfrentando o mesmo desespero de Mike. Essa mensagem espalhou-se mundo afora.

Suicídio na Caixa

No único banco 100% público do país, o suicídio também está presente e de forma preocupante. A pesquisa da Fenae sobre saúde, realizada em 2021, mostra que boa parte dos empregados já tiveram conhecimento de algum episódio de suicídio entre colegas. Muitos, inclusive, relatam que conhecem situações de colegas que passam por sofrimento contínuo em virtude do trabalho.

Transtornos psicológicos e emocionais são os mais comuns entre os empregados da Caixa. Sobre esse assunto, o presidente da Fenae lembra ser cada vez maior o número de casos de depressão entre os bancários, explicando que já foi constatado até mesmo o aumento do número de suicídios na categoria. “Diante desse fato, ganha importância a divulgação do Setembro Amarelo, que se soma à campanha nacional em defesa da saúde do trabalhador e do plano Saúde Caixa para todos”, conclui Sergio Takemoto.

 

 

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