Ódio aos pobres

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No artigo, o diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ, Álvaro Gomes , fala sobre as consequêniais do ódios à população menos abastada no Brasil.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em junho de 2021 eram 820.689 presos, sendo que mais de 200 mil são presos provisórios, e a grande maioria é crime contra o patrimônio e relacionados à lei de drogas. As prisões se tornaram depósitos de pobres, negros e jovens. Os casos de tortura, maus tratos, desrespeito aos mais elementares direitos humanos são o cotidiano do sistema carcerário brasileiro.

Para Foucault, é a sociedade que define em função dos seus interesses próprios aquilo que deve ser considerado crime (Foucault, Michel. Vigiar e Punir, p. 141. Almedina. Edição do Kindle.). E o que observamos no Brasil é um sistema capitalista cruel, que predomina uma visão escravocrata e que odeia a população pobre, vítima de violências e de um sistema carcerário embrutecedor.

Quando Lula visitou uma favela no Rio de Janeiro, Bolsonaro no debate na Globo em 2022 falou “O senhor teve atualmente no Complexo Salgueiro, só traficante!”. Recentemente o Ministro da Justiça, Flavio Dino visitou uma favela no Complexo da Maré, dia 15/03/23 no Rio de Janeiro e o gabinete do ódio começou a espalhar fake News e condenar a visita do ministro sob o argumento de que lá é área de criminosos. Ou seja, expressou o seu ódio aos milhões de favelados.

Em 2019, a polícia encontrou 117 fuzis, no Meier, zona nobre do Rio, na casa de Alexandre Mota de Souza, amigo do policial militar Ronnie Lessa, miliciano, que é vizinho de Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra e assassino de Marielle. Em junho de 2019 foi descoberto um esquema internacional de tráfico de drogas onde foi encontrado 39 quilos de cocaína na comitiva do então presidente Jair Bolsonaro. Estes são exemplos de criminosos que são considerados pela extrema direita como “cidadão de bem” e vivem livres cometendo crimes impunemente.

É preciso que o governo Lula não leve em consideração a aporofobia incrustrada nos denominados “cidadãos de bem” mais do que nunca é preciso ter um olhar para as injustiças sociais, para os pobres, para os necessitados, para os discriminados e excluídos. Mergulhar de corpo e alma nas favelas, indiferente aos latidos opressores. É necessário um olhar para o sistema carcerário e entender que é preciso parar o encarceramento em massa da população pobre.

Os acontecimentos do Rio Grande do Norte são efeitos que precisam ser combatidos, mas necessitamos ir além e buscar as causas, sob pena do agravamento da situação no país inteiro.

*Álvaro Gomes é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia e presidente do IAPAZ

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