Opinião: Com soberania, sem sobressaltos – Por Rogaciano Medeiros 

32
  • Por Rogaciano Medeiros 

Passada a tempestade, superada a tormenta, com a reconquista do Estado democrático de direito, que mais cedo ou mais tarde virá, inexoravelmente, é imprescindível punir, de forma exemplar, não apenas Bolsonaro, mas todas as pessoas no comando das elites políticas, econômicas, militares, midiáticas e religiosas que o sustentam. Para o bem do Brasil, da República, da democracia e dos brasileiros.

É pré-requisito indispensável para a nação, superados os horrores do neofascismo negacionista, retomar a estabilidade democrática em bases sólidas, sem risco e susto de novos golpes ou retrocessos que ponham sob ameaças ou mesmo precarizem as liberdades, os direitos, a vida democrática.

Desta vez não pode haver contemporização. A impunidade assegurada aos criminosos que protagonizaram a ditadura civil militar (1964-1985), amparada na famigerada Lei da Anistia de 1979, a qual livrou das garras da Justiça agentes públicos que autorizaram e operacionalizaram sequestros, torturas, assassinatos e ocultação de cadáveres, se revela, mais do que nunca, um erro fatal.

Um equívoco histórico que não pode se repetir jamais. Afinal, deixou a fresta que abriu caminho para a interrupção de 31 anos de experiência democrática – 1985-2016 -, a mais longa da história brasileira, com um golpe jurídico-parlamentar-midiático que tem violado, sistemática e criminosamente, a Constituição Cidadã promulgada em 1988.

O país vive, há quase 5 anos, um regime centrado na excepcionalidade, que tenta, a todo custo, e infelizmente tem conseguido dar passos perigosos, consolidar um Estado de exceção. Só não enxergam os incautos e comparsas. Chega, já passou da hora de dar um basta à tradição golpista das elites nativas, não só pela estatura geopolítica do Brasil, mas para pôr fim a esses constantes hiatos autoritários que tanto penalizam o povo, pois sempre interrompem a combinação de democracia com desenvolvimento econômico e desconcentração da riqueza.

A aporofobia (repulsa aos pobres) das elites brasileiras é tamanha que não se contentam apenas em saquear as riquezas nacionais. Pior do que isso, não admitem, de jeito nenhum, que os menos favorecidos tenham os mínimos direitos a uma vida digna. A irracionalidade é tanta que as torna não humanas.

Os que continuam a apoiar Bolsonaro são cúmplices não apenas nos crimes político-institucionais, mas acima de tudo no negacionismo perante a pandemia, que já matou mais de 260 mil pessoas. É genocídio, sim. Não há outra definição. Por isso é fundamental que paguem pelos crimes cometidos, no rigor da lei que, aliás, sempre fizeram questão de violar. E também para que o Brasil possa seguir em frente, sem sobressaltos, respeitando as regras, a diversidade, as liberdades e os direitos, especialmente à vida. Com soberania e autodeterminação.

 

* Rogaciano Medeiros é jornalista

DEIXE UM COMENTÁRIO

Comentário
Seu nome