Para Nobel da Paz, pandemia é segunda chance

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“Década da última chance”, é assim que Muhammad Yunus se refere ao presente momento da história. A princípio, o banqueiro dos pobres, como também é chamado, leva em conta não só os fatores econômicos, mas também os ambientais.

Do mesmo modo que considera a desigualdade de renda um desastre de nível mundial, Yunus falou à Folha de S.Paulo sobre o aquecimento global e sua irreversibilidade. Nesse sentido, mesmo com 80 anos, Yunus segue dando palestras ao redor do mundo e investindo em negócios sociais.

No Brasil, é sócio da Yunus Negócios Sociais e vem investindo seu tempo em organizações como o Instituto Fenae – uma instituição que através dos negócios sociais, transforma vidas em comunidades do País.

Uma parada necessária

Na entrevista, Yunus afirmou que por causa do sistema posto, a humanidade rumava a passos largos para o seu fim. Para tanto, segundo ele, contribuíam o aquecimento global, a desigualdade social e a inteligência artificial. A esse último fator, Yunus atribuiu a perda de diversos empregos.

Porém, engana-se quem acha que o economista bengali é um novo ludista. Yunus acredita na tecnologia e reconhece seus avanços, sobretudo nos sistemas de telecomunicação e saúde. Contudo, ressalva a importância negativa da disseminação das fake news, que “tem ajudado a falsidade a competir com a verdade” e a coloca na mesma categoria da produção de armas de destruição e massa.

Retomando a fala de Greta Thunberg, indicada ao Nobel da Paz em 2019, Yunus afirma que “não temos o direito de destruir o futuro das próximas gerações”.

“A pobreza torna a injustiça da máquina econômica visível”

O futebol é uma excelente metáfora da desigualdade no Brasil. Enquanto poucos ganham milhões, milhões  jogam precariamente em todos os cantos do país.
O futebol é uma excelente metáfora da desigualdade no Brasil. Enquanto poucos ganham milhões, milhões jogam precariamente em todos os cantos do país.

E “é muito cruel”, afirmou o banqueiro dos pobres. Nós, que vivemos no sétimo país mais desigual do mundo sabemos. Por outro lado, Yunus acredita que a pandemia derrubou o sistema atual, gerador dessas desigualdades e pobreza.

Dessa forma, ele acredita que a crise é uma “megaoportunidade” para construir um novo sistema. Para tal, será necessário mudar principalmente a iniciativa privada. Yunus quer que as empresa se transformem em negócios sociais, em que não haja mais a possibilidade do lucro a todo custo.

Talvez nada seja mais como antes, porém resta saber quais estruturas permanecerão e quais serão as novas bases do futuro. Depois da pandemia, é ainda um território em disputa, que as forças progressistas tem ganas de vencer.

O combate à desigualdade rendeu o Nobel da Paz a Yunus

Contrariando expectativas, Yunus conseguiu – como banqueiro – tirar milhões de famílias da miséria com seu trabalho. Apelidado de “pai do microcrédito”, por meio da fundação de um banco – o Grameen Bank, ofereceu crédito às pessoas que não tinham garantias.

Desse modo, possibilitou a criação de pequenos empreendimentos que garantiram geração de renda para famílias pobres – primeiro em Bangladesh e depois mundo afora.

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