Pinguelli Rosa: privatizações são contrárias ao interesse nacional

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Ex-presidente da Eletrobrás alerta que as implicações futuras para o país deviam levar a sociedade ao debate sobre a venda das empresas brasileiras

Mesmo com a sociedade brasileira rejeitando as privatizações, o governo Bolsonaro continua a apostar suas fichas na privatização. Em nota divulgada neste domingo (25), pelo colunista Lauro Jardim (O Globo), o ministro da Economia, Paulo Guedes, teria dito a interlocutores que a venda da Eletrobras está acertada com o Senado, faltando apenas acertar com a Câmara.

Para o mestre em engenharia nuclear, doutor em física, ex-secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças do Clima (2004-2015), ex-presidente da Eletrobras e professor de planejamento energético da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa, o processo de privatização é o novo capítulo da crise política que se abateu sobre o país com o governo Jair Bolsonaro.

Em artigo publicado nesta segunda, 26, na Folha de São Paulo, ele lembra que a grande mídia apresentou como uma vitória da Petrobras a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de aceitar a venda em fatias das estatais sem a necessidade de passar pelo Congresso Nacional, o que confunde a opinião pública: “Eles atendem aos interesses da classe dominante, contrários aos interesses do país.  À parte o interesse nacional, que cabe à gestão da estatal defender, o próprio interesse da empresa energética está em jogo”, afirma.

Ele explica: a posição das maiores empresas petrolíferas do mundo é de possuir uma grande capacidade de refino, maior até que a de produção, porque o preço internacional do barril do petróleo varia muito. Nos últimos anos foi de US$ 100 a US$ 20; logo, a margem de lucro na sua produção tem uma variação difícil de prever. Entre 2015 e 2016, o lucro líquido da Petrobras no refino foi maior do que na exploração e produção (E&P). Já em 2017, a situação se inverteu.

A maior refinadora do mundo é a ExxonMobil, com 5,5 milhões de barris por dia, seguida pela Shell, com 4,2 milhões. Suas refinarias se espalham pelo mundo, pois são empresas globais. Atualmente, a ExxonMobil está expandindo sua capacidade de refino nos EUA.  “A capacidade de refino da Petrobras é de 2,4 milhões de barris por dia. Por que vender o controle de suas refinarias? Será que a ExxonMobil e a Shell estão erradas?”, critica ele.

Mesmo reconhecendo a importância e a competência das empresas, e afirmando que não está privatizando, o governo Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes seguem vendendo sorrateiramente pedaços da Petrobras e anuncia o mesmo para a Eletrobras, denuncia o professor.  É o caso também da Caixa, cuja atuação é determinante para o país, mas que está   ameaçadas por uma privatização fatiada.

“Já vendeu a preço de banana o controle de gasoduto e da distribuidora BR, da Petrobras. Agora, pretende apurar cerca de R$ 50 bilhões com a venda do controle das refinarias- ou seja, uma ninharia, pois só de lucro em 2019 a Petrobras recebeu R$ 40 bilhões. Enfim, a privatização da Petrobras parece mais um caso de jabuticaba Brasileira”, lamenta ele.

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