Será que realmente existe alguém, em sã consciência, capaz de acreditar na falácia de que a privatização dos serviços de saneamento básico vai mesmo acabar com o sofrimento de mais de 35 milhões de pessoas que hoje não dispõem de água potável nas torneiras e dar um fim à triste cena do esgoto correndo a céu aberto nas periferias e favelas? É óbvio que o problema vai se agravar bem mais, pois tudo que privatizou no Brasil piorou.
Pois é, na contramão da tendência mundial, principalmente Europa e até algumas cidades dos EUA, de reestatizar serviços essenciais para a população, como água e esgoto, devido a incapacidade da iniciativa privada de prestar um bom atendimento, o Senado liberou a privatização do saneamento básico. Como a matéria já havia sido aprovada na Câmara, agora segue para a sanção presidencial que, evidentemente, não demorará.
O projeto foi imposto goela abaixo da sociedade, sem a discussão que assunto tão relevante exige, aprovado em votação virtual, no auge da crise sanitária, que no Brasil já deixou mais de 1 milhão de pessoas doentes, com quase 55 mil mortos. Outro detalhe, a expectativa mundial é de que no pós pandemia a participação do Estado será decisiva, ou seja, o estatal prevalecerá, e muito, sobre o privado.
A submissão e o espírito entreguista das elites nativas configuram verdadeiro crime de lesa-pátria. A privatização significa lucros bilionários para as multinacionais e mais sofrimento para o povo, pois não vai ampliar a cobertura de esgoto, tampouco resolver a escassez no abastecimento de água e os preços atingirão valores proibitivos para as camadas mais carentes da população. É a prática ultraliberal neofascista.