No último dia 2 de abril foi celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, cujo tema central foi “Mais informação, menos preconceito”. A campanha foi estabelecida em 2007 e tem por objetivo difundir informações para a população sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e, assim, reduzir a discriminação que cerca as pessoas com o transtorno e seus familiares. Durante todo mês também acontece o “Abril Azul”, com ampla programação em diversos países, chamando a atenção para o assunto.
Recente estudo publicado nos EUA realizado com 12.554 pessoas e dados de 2019 e 2020, revelou um número de prevalência de 1 autista a cada 30 crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos naquele país. A prevalência anterior, considerada uma das mais relevantes do mundo, é de 1 em 44, divulgado em dezembro de 2021 pelo CDC (sigla em inglês do Centro de Controle e Prevenção de Doenças do governo dos EUA), com dados referentes a 2018.
Apesar de distante de uma condição ideal, algumas conquistas e direitos vêm sendo alcançados ao longo dos anos com a mobilização da sociedade civil, ONG’s e das famílias com vistas à inclusão dos/das autistas. Direitos como o atendimento preferencial em locais públicos, filas, transportes, documentos de identificação que apresentam o diagnóstico e vagas exclusivas em estacionamentos são alguns desses pequenos passos, sendo apenas o início de uma longa caminhada.
Nesse sentido, recentemente, Associação dos Funcionários do BNB (AFBNB) encaminhou ofício ao presidente do Banco, José Gomes da Costa, no qual solicita o estabelecimento de uma política interna que atenda a demanda de redução de jornada aos pais de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), seja via PAA, ou com alteração em normativos do Banco, ação que vem sendo acompanhada pela entidade.
Autismo em adultos
Outro aspecto importante a ser discutido neste mês é a presença do Espectro entre pessoas adultas. Isso porque em grande parte das vezes, ainda hoje, as discussões estão focadas na infância. No entanto, sabemos que essas crianças irão crescer e tornar-se adultos com TEA, pois autismo não é doença, portanto não tem cura. Hoje, há adultos recém-diagnosticados, na casa dos 30, 40 ou 50 anos de idade que durante uma vida inteira receberam tratamentos inadequados, por muitas vezes traumatizantes, diagnósticos para outros transtornos mentais sem sequer contar com o apoio ou compreensão das famílias, dos médicos e da sociedade, que em muitas oportunidades invisibiliza e invalida suas necessidades de suporte.
De acordo com pesquisas, as tentativas de suicídio entre indivíduos com transtornos do espectro autista são significativamente maiores do que entre a população em geral. Além disso, a depressão é mais comum em indivíduos com autismo que possuem graus menores de suporte. Ainda a presença do espectro em homens e mulheres se manifesta de forma diversa, o que também traz outras reflexões para o tema.
Os desafios se refletem ainda no mercado de trabalho. De acordo com dados do IBGE, a inclusão da população com autismo no mercado enfrenta obstáculos que precisam ser superados. Pelos dados, 85% dos adultos com TEA não estão empregados, fato que é corroborado pela inadequação ou despreparo das empresas (públicas ou privadas) para receber autistas, apesar de se mostrarem altamente competentes e plenamente hábeis na execução das tarefas em qualquer área.
Reconhecer e respeitar o autismo como característica do indivíduo, observando suas potencialidades e limitações, é dever de todas e todos nós que desejamos viver em um mundo realmente inclusivo e que respeite as diferenças, sejam elas quais forem. E o primeiro passo é a informação.
A AFBNB apoia esta campanha!