Dezenas de bancários, lideranças sindicais, autoridades e outros representantes da sociedade civil organizada lotaram ontem (30) o plenário da Assembleia Legislativa de Alagoas, para debater a importância dos bancos públicos e o processo de desmonte que as instituições vêm passando. Rico em informações, dados estatísticos e argumentos socioeconômicos, o evento também serviu para fortalecer a luta em defesa do Banco do Brasil, Caixa Econômica e Banco do Nordeste, entre outros que passam por reestruturações para incorporar a política privatizante do atual governo.
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“Foi uma audiência pública extremamente positiva. A sociedade precisa saber com mais profundidade a importância dessas empresas, o que fazer para defendê-las e quais as consequências que advirão caso percam seu papel social e fomentador do desenvolvimento. Uma dessas consequências é o aumento da desigualdade social”, disse o presidente do Sindicato, Márcio dos Anjos.
O dirigente alertou que está acontecendo o desmonte do Estado brasileiro como um todo e que os bancos são uma parte disto. Ele fez um relato sobre a atuação dos bancos públicos em Alagoas, sobretudo no interior do Estado, onde nenhum banco privado quer operar. “O interesse do banco privado é o lucro, o rentismo, por isso se concentra na capital. No interior, onde as demandas são sociais e de crédito, quem está presente é o banco público. Se esta política mudar no BB, Caixa e BNB, não haverá outros para substitui-los”, afirmou.
O presidente da Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira, reforçou, com números, a importância dos bancos públicos para Alagoas e o país. “Eles são fundamentais porque regulam o mercado financeiro, geram emprego, operam políticas públicas, combatem as crises e administram os fundos, tais como o FNE, o FGTS e o FAT”, afirmou. Segundo Jair, a cada dez casas construídas no Brasil, sete são financiadas pela Caixa Econômica Federal; dos empréstimos feitos pelo sistema financeiro, 95% saem dos bancos públicos; e na agricultura, 80% dos financiamentos são realizados por bancos federais.
Ele lamentou que políticas públicas e programas sociais consistentes estejam sendo estrangulados pelo governo atual, com “Estamos assistindo a completa destruição do programa ‘;Minha Casa Minha Vida’;, que já não tem crédito para financiar imóveis da faixa 1, destinada à população carente”, assinalou.
O autor do pedido de audiência na Assembleia Legislativa, deputado Ronaldo Medeiros (PMDB), também fez duras críticas ao governo Michel Temer e à sua política privatizante, deixando transparecer que o Brasil está entregue a saqueadores.
“Estamos no governo de um presidente morto, que quer vender tudo, e que não consegue participar de um evento público porque é vaiado. Privatizar ou tornar a gestão dos bancos públicos privatizante é um retrocesso, assim como foi retrocesso a reforma administrativa e é retrocesso a reforma da Previdência. Quero saber qual banco privado vai abrir uma agência em Pariconha e outros municípios pobres de Alagoas, para fazer o que os bancos públicos fazem”, afirmou Medeiros.
O deputado culpou, em parte, a sociedade, por não estar se mobilizando contra o retrocesso, e por insistir em colocar nos cargos legislativos e executivos pessoas que defendem a reforma trabalhista, a reforma da previdência, a privatização dos bancos públicos e a venda das empresas estatais estratégicas.
O presidente do Sindicato, Márcio do Anjos, também lamentou que, nos próprios bancos públicos, os empregados não estejam se mobilizando o suficiente para barrar as investidas desse governo. “Estamos tentando fazê-los acordar, mas o retorno ainda é pouco”, declarou.
Para o presidente do Seec-AL, a luta em defesa dos bancos públicos não é uma luta corporativista. “Não estamos só defendendo empregos e manutenção de conquistas. Estamos defendendo Alagoas, o Brasil e a sociedade”, concluiu.
Além da Fenae, enviaram representantes à audiência pública a Central Única dos Trabalhadores, a Associação dos Aposentados do BNB, a Associação dos Aposentados da Caixa Econômica Federal, o Sindicato dos Vigilantes, o Sindicato dos Urbanitários, a Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal, a Universidade Estadual de Alagoas e a Prefeitura de Mata Grande.
Seec-AL
Source: SAIU NA IMPRENSA