Depois do participativo e alegre evento presencial com aposentados e aposentadas da categoria, o Sindicato dos Bancários de Sergipe (SEEB/SE) realizou, nesse sábado (04/12), o 1º Encontro Estadual das Mulheres Bancárias.
Resguardadas as medidas sanitárias contra a Covid 19, o encontro começou cedo da manhã. No acolhimento, o SEEB/SE disponibilizou serviços profissionais de maquiagem e massagem terapêutica.
A mesa de abertura foi coordenada pela presidenta da entidade, Ivânia Pereira e foi prestigiado pela vice-governadora do Estado de Sergipe, Eliane Aquino (PT). Ativistas feministas que atuam em vários setores da sociedade abordaram temas relativos à questão da mulher e do protagonismo feminino sobre vários aspectos. Após as palestras, as bancárias interagiram com intervenções e relatos pessoais. A mesa de abertura foi encerrada com um sonoro “Fora Bolsonaro”. Vídeos e fotos do evento estão disponíveis nas redes sociais do SEEB/SE.
A presidenta da entidade destacou que o sucesso do “Encontro das Mulheres Bancárias representa um grande momento para o nosso sindicato: essa atividade contou com a colaboração e envolvimento de todas as mulheres bancárias e bancários da Direção do Sindicato”.
Eliane Aquino saudou as bancárias e festejou a iniciativa do encontro que debateu o feminismo. A vice-governadora defendeu “a importância da atuação das mulheres nas lutas, nos espaços de formação e como multiplicadoras dessas ideias na vida cotidiana, no trabalho e na família”.
Mundo patriarcal e machista
A presidenta da Nacional da União Brasileira das Mulheres (UBM), Vanja Andréa Santos, abriu a temática do encontro com a palestra “Não se trata apenas de direitos da mulher – o feminismo hoje: Velhas questões, novas ideias”.
Vanja Andréa considerou o encontro do SEEB/SE como um instrumento de organização e de empoderamento das mulheres, a partir de debates sobre questões como o feminismo e a luta emancipacionista da mulher. “Todo esse debate acaba sendo um instrumento para que as mulheres acumulem conhecimento e se empoderem cada vez mais sobre sua luta e sobre as questões fundamentais que as oprimem na sociedade”, afirmou Vanja Andréa, que é professora e ativista.
Vanja destacou que “ainda hoje nós mulheres temos muito a vencer dentro da participação da mulher no mundo do trabalho. E quando a mulher toma conhecimento de todo esse mundo de opressão, da questão patriarcal (que comanda os espaços de trabalho e nossa sociedade como um todo), isso facilita as ações dessas mulheres para a sua vida, para o seu trabalho, para a sua família. Eu acredito que o sindicato com esse encontro esteja de fato proporcionando um instrumento de empoderamento da mulher da sua situação e da tomada de sua vida”.
A feminista aposta na regularidade desses debates. “Espero que momentos como esse se repitam e que sigam uma pauta de ação no sentido fortalecer e de ampliar cada vez mais o conhecimento para que as mulheres atuem não apenas no sindicato, mas para que sejam donas de suas ações, para que possam viver mais e melhor, com mais direito e sabendo enfrentar esse mundo patriarca, machista”, defendeu Vanja.
Feminismo para além do discurso
Das temáticas, foram abordados temas como ‘Assédio no Ambiente de trabalho’, ‘Os Diversos Tipos de Violência’, ‘Como a Educação Contribui para o Empoderamento Feminino’ e ‘Contribuições para uma Nova Sociedade em que uma Vida sem Violência e com Igualdade seja um Direito das Mulheres’.
A bancária aposentada Maria da Pureza Sobrinha e presidenta da UBM/SE considerou o “evento maravilhoso e surpreendente”. Segundo a feminista, “as bancárias, convidados e bancários presentes permaneceram muito atentos às temáticas abordadas. Esse debate é fundamental, porque serve de formação para as mulheres e homens para que todos e todas apreendam esse conteúdo que não deve servir apenas como discurso: tem de se dar muito na ação de transformação da sociedade a partir do protagonismo das mulheres. O sindicato está de parabéns e eu, muito feliz por presenciar esse rico debate”, afirmou.
Romper os ciclos da violência, não é fácil
Um dos temas recorrentes em debates sobre a questão da mulher é o avanço do feminicídio no Brasil: assassinato de mulheres motivado por violência doméstica ou discriminação de gênero, por ódio de mulheres. No Encontro das Bancárias, o tema ‘Os Diversos Tipos os de Violência’ foi abordado pela assistente Social, Magna Sousa Silva. Ela é do Conselho Municipal de Proteção à Pessoa Idosa e coordenadora da Casa Lar Nalde Barbosa Barreto.
“A violência doméstica existe desde os primórdios da humanidade, é uma questão cultural, patriarcal: o homem é tido como mantenedor da casa e a mulher é para fazer os serviços domésticos, submissa e à disposição da casa, dos filhos e do companheiro. A Lei Maria da Penha, no Brasil, veio coibir essa violência e nos nortear quanto ao atendimento e acolhimento dessas vítimas. Aracaju tem a Casa Núbia Marques, que acolhe mulheres vítimas de violência doméstica. Já o Estado tem uma Casa Abrigo, destinadas às mulheres das cidades do interior. Essa mulher precisa se sentir protegida e amparada não apenas por lei, mas também por uma equipe comprometida e que sabia lidar com esse processo”, afirmou a assistente social.
Magna Souza alertou que não é não é fácil romper com o ciclo da violência doméstica. “A mulher tem muito medo de que o companheiro se revolte e cometa o feminicídio. A mulher vítima tem vergonha de expor a vida íntima para a família, vizinhos. Não é fácil. E não estamos para julgar e sim dar força, orientá-la a se proteger e de como ela deve agir para que ela seja livre e que possa recomeçar, reconstruir, a vida dela longe do autor da violência”, afirmou.
Com as reformas na sede do SEEB/SE, o Encontro das Bancárias aconteceu no Espaço de Multieventos do Sindicato do Fisco de Sergipe (SINDIFISCO/SE).
Fonte: Sindicato dos Bancários de Sergipe