Dia da Consciência Negra: Desigualdade racial empurra a população negra para a pobreza

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De acordo com pesquisa do IBGE sobre trabalho, renda e moradia, a desigualdade social e econômica entre negros e brancos persiste.

Enquanto o Brasil sente os efeitos econômicos do liberalismo, negros e negras empobrecem mais. Essa é a conclusão de um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados da Pnad Contínua de 2019.

O estudo Síntese de Indicadores Sociais traz a dura realidade brasileira: a de que pretos e pardos têm sido historicamente as maiores vítimas da desocupação e da informalidade. No mesmo sentido, ainda demonstra que pretos e pardos estão mais expostos à pobreza e à extrema pobreza.

O estudo é realizado anualmente – exceto em anos em que há Censo – desde 1998. O objetivo é analisar a qualidade de vida e os níveis de bem-estar das pessoas, famílias e grupos populacionais.

Os números da desigualdade

A taxa de desocupação das pessoas em idade de trabalhar foi de 9,3% para brancos. Entre pretos e pardos, chegou aos 13,6%; já a taxa de trabalhadores informais, que não possuíam proteção trabalhista, foi de 47,4%. Enquanto isso, entre brancos, a taxa atingiu 34,5% da força de trabalho.

A presença de pretos ou pardos é maior na Agropecuária (62,7%), na Construção e nos Serviços domésticos (66,6%), atividades que possuíam rendimentos inferiores à média em 2019.

Já nos serviços de Informação, atividades financeiras e outras atividades profissionais e Administração pública, educação, saúde e serviços sociais – cujos rendimentos médios foram bastante superiores à média – contavam com a maior participação de pessoas ocupadas de cor ou raça branca.

Com renda menor, possibilidades de ascensão também são menores

A discrepância entre o salário do grupo que compreende pretos e pardos para os brancos é avassaladora. No ano de 2019, brancos ganhavam, em média, 73,4% a mais do que pretos e pardos. Ao transferir a porcentagem para valores em Reais, chega-se ao resultado de que enquanto brancos obtiveram renda média de R$ 2.884, pretos e pardos chegaram apenas a R$ 1.663 no mesmo período.

Contudo, não foi só no período mensal que se pode observar essa diferença. Quando o foco foi o valor da hora trabalhada, a população branca recebeu mais que pretos e pardos em qualquer um dos níveis de escolaridade. A maior diferença foi observada entre pessoas com nível superior. Enquanto pretos e pardos atingiram uma média de R$ 23,50; brancos ganharam 44,3% a mais, chegando à média de R$ 33,90.

A questão da moradia

A desigualdade também se manifestou forte na questão da moradia: 31,3 milhões de pessoas pretas e pardas moraram em 2019 em locais com alguma inadequação, segundo o estudo. Já entre brancos, o número de pessoas morando nessa situação foi de 13,5 milhões.

As inadequações levadas em consideração foram: ausência de banheiro de uso exclusivo, paredes externas com materiais não duráveis, adensamento excessivo de moradores, ônus excessivo com aluguel e ausência de documento de propriedade, de acordo com o IBGE.

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