A frente que reúne parlamentares e outros órgãos em defesa da manutenção do Banco do Nordeste (BNB), o ParlaNordeste, deve intensificar as ações para decidir o futuro da estatal. A mobilização do bloco, que já havia se reunido com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e com o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tomou força após o titular da Secretaria Geral Desestatização, Salim Mattar, criticar o número de estatais no País e afirmar que o Governo Federal “vai dar um jeito nisso” nos próximos quatro anos. As informações foram publicadas no portal de notícias do UOL.
“Vai haver muita discussão no Governo na hora certa. Mas este Governo não deseja competir com bancos. O Governo não tem que emprestar dinheiro”, disse o secretário à reportagem do site. A declaração abre a possibilidade para que bancos como o BNB possa ser privatizados.
A principal preocupação da frente nordestina é uma possível fusão do BNB com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O deputado estadual Danniel Oliveira (MDB-CE) disse que as afirmações de Salim “geram muita preocupação”, visto que o secretário é alguém forte no Governo.
Além disso, Danniel afirmou que é necessário unir a bancada federal, entre senadores e deputados, para que possam obter uma resposta definitiva em relação ao BNB. “Não podemos viver em torno de declarações de pessoas que fazem parte do Governo, mas que não falam inteiramente pelo Governo. A gente escuta uma coisa de um, uma coisa de outro e ficamos nessa preocupação. Então nós queremos uma definição”, concluiu o político.
O presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, Othelino Neto (PCdoB), disse que o Governo terá muitas dificuldades para concretizar uma possível privatização do BNB. O político ressaltou que está sendo articulada uma frente parlamentar também no Senado Federal.
Othelino disse que as bancadas federais se mostraram solidárias a causa. Ele ainda não havia tomado conhecimento das declarações de Salim, mas disse: “Nossa posição é clara com relação a qualquer investida contra os equipamentos públicos”.
Além do BNB, são defendidos também a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).
As reivindicações foram descritas na “Carta de São Luís”, documento expedido no dia 29 de março, de autoria da ParlaNordeste e que contou com participação dos presidentes das assembleias do Nordeste: Othelino Neto (Maranhão), Themístocles Filho (Piauí), Adriano Galdino (Paraíba), Nelson Leal (Bahia) e José Sarto (Ceará).