Iridologia transpessoal comportamental como ferramenta complementar de compreensão do adoecimento psiquiátrico dos profissionais bancários

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Sou bancaria faz 18 anos, comecei adoecer gradativamente e incomodada com situação da degradação do trabalho em bancos fui estudar para ser terapeuta e me transformar em um agente de cura e nesse processo também me curei e escrevi um artigo sobre síndrome de Burnout nos bancários.

Nesse artigo busquei trazer as contribuições da abordagem da Terapia Transpessoal Sistêmica, à abordagem que estudei, como ferramenta complementar de compreensão do adoecimento psiquiátrico dos bancários portadores da Síndrome de Burnout, que é uma síndrome resultante de estresse crônico ocasionado especificamente a fenômenos relativos ao contexto profissional, que não foi administrado com êxito.

Segundo Broadbent e Weill (1993), os bancos são as organizações que mais operam em um ambiente estratégico e competitivo, nos quais a atenção para o alinhamento dos negócios e das estratégias de informações deve ser o principal foco e esforço organizacional (Maçada e  Becker, 2001). Além de representarem uma importante fatia de mercado e terem influencia enorme na economia do país.

Os bancários vivem um momento de profundas mudanças na concepção do seu trabalho e na constante ameaça de perda de emprego, pois no cenário atual, os bancos estão apostando na transferência das operações dos clientes para canais virtuais, com baixíssimo custo, e no enxugamento de suas estruturas físicas e funcionais de atendimento. Como observado na última pesquisa realizada pelo Dieese, os bancos encerraram o atendimento em mais de 100 agências físicas em 2018 – e muitas outras agências foram transformadas em agências digitais, além de eliminarem milhares de postos de trabalho por todo o país, inclusive por meio de programas de desligamentos voluntários (PDV) (Dieese, 2018).

Em decorrência dessas mudanças, exige-se, cada vez mais, dos trabalhadores sua capacidade intelectual e emocional. Nessa conjuntura contexto, desaparece o bancário tradicional, que passou de operador braçal a trabalhador mental, precisando ter habilidades diferenciadas, tais como: planejamento, coordenação, flexibilidade, inventividade, disposição para aprender, adaptabilidade, criatividade, iniciativa e inteligência emocional.

O trabalhador bancário precisa buscar um novo ritmo, sendo que o tempo assume uma importância fundamental num momento em que palavras como agilidade, rapidez e instantaneidade passam a fazer parte do seu vocabulário cotidiano. O trabalhador precisa desenvolver autonomia para viabilizar soluções e concretizar resultados, pois a eles cabem o papel de atingir os resultados esperados a qualquer custo e, alcançando ou não esses resultados, o seu cargo encontra-se em constante risco (Morassutti e Grisci, 2002).

Segundo Monteiro (2017), as implicações do modo de produção deste novo modelo de gestão, impostas pelo segmento bancário, corroboram para o cansaço generalizado, crises mentais, sofrimento, dores generalizadas, dificuldades de socialização, entre outras patologias. Assim, os trabalhadores movidos pela exigência crescente de produtividade e metas inalcançáveis, vão além de seus limites físicos e psicológicos para a manutenção de seus empregos, contendo e ignorando os sinais de alerta de dores e outros sintomas, que vão se tornando cada vez mais intensos, até interferirem não somente em sua capacidade de trabalhar, mas de como manter as atividades de rotina familiar e social.

Compreender o processo de saúde e adoecimento do trabalhador envolve dinâmicas de conflitos e confrontos entre as necessidades e os desejos das partes envolvidas, e essa relação representa mais um fator de sofrimento. Para transformar o sofrimento em prazer, o trabalhador busca como estratégias de defesa a negação das doenças e a autoaceleração nas atividades diárias. Com o esgotamento das estratégias de defesa, o adoecimento é inevitável e o afastamento das atividades é a única esperança da recuperação da saúde, afinal o sofrimento mal resolvido resulta em doença (Dejours, 2005).

Quando o bancário retorna ao trabalho após afastamento para o tratamento, o momento do retorno é hostil já que na maioria dos casos, não há mais disponibilidade de vaga do cargo antes ocupado e, as limitações físicas e psicológicas dificultam que assumam novos desafios dentro da organização. Sem programas de reinserção do trabalhador adoecido, o futuro do profissional torna-se permeado de incertezas e descrédito (Monteiro, 2017).

Para que esses profissionais se sintam úteis novamente em seus postos de trabalho é importante à compreensão do significado do trabalho e as características individuais que influenciam na motivação, na satisfação e na produtividade (Morin, 2001). Uma vez que o significado e o sentido do trabalho exercem impacto significativo sobre o bem-estar, seja na organização ou na vida social.

Contudo, se os bancos estão focados na redução de postos de trabalho, não irão se preocupar em entender individualmente as demandas de cada trabalhador adoecido. Cabendo a cada um buscar compreender quais as questões que estão contribuindo para seu adoecimento. Nesse contexto a psicoterapia desponta como uma ferramenta imprescindível para contribuir no reconhecimento das suas demandas pessoais, ressignificação da vida profissional e consequentemente pessoal. Pois, ao relacionar a qualidade de vida ao sentido do trabalho, algumas pesquisas concluíram que o “[…] trabalho com sentido é aquele considerado importante, útil e legítimo pelo indivíduo” (Tolfo; Piccinini, 2007, p. 39).

Na realidade do trabalhador bancário, exercem atividades moldadas e predeterminadas onde suas opiniões e modo de fazer não são levados em consideração. A impossibilidade de agir e a possibilidade de refletir sobre a atividade desempenhada leva o sujeito a uma alienação do seu processo produtivo, obrigando-o a fazer e permanecer em atividades nas quais não compreende mais o sentido. O sofrimento real ocorre quando o trabalhador esgotado das suas possibilidades de recursos defensivos é levado a uma descompensação, e enfim à doença física e/ou psíquica se instala.

Mendes, Santos Júnior e Araújo (2009) também pontuam que como mecanismo de defesa, muitos trabalhadores negam o sofrimento e se submetem aos desejos da organização. Porém essa estratégia faz com que a saúde se esgote rapidamente, uma vez que exigem deles um enorme investimento físico e psíquico que extrapolam sua capacidade de lidar com o problema, já as defesas de proteção consistem em lidar com as situações geradoras do sofrimento, racionalização e alienação das reais causas desse sofrimento, causando vulnerabilidade frente ao adoecimento.

Fatores emocionais tais como a tensão imposta pela organização do trabalho e a necessidade de concentração também interferem de forma significativa no aparecimento de síndromes ocupacionais. Os trabalhadores que enfrentam um intenso sofrimento psíquico, insatisfação com o trabalho, estresse, discriminação por parte dos chefes, colegas, e até mesmo de familiares, têm sua vida profissional e pessoal afetada, desenvolvem diversas patologias.

Doenças psiquiátricas que acometem os bancários

A maioria das pessoas e profissionais da atualidade são reféns das tecnologias modernas, da solidão, da globalização, isso impacta diretamente na saúde de todos, principalmente dos trabalhadores. Esses profissionais fazem parte do chamado infoploretários, que são aqueles trabalhadores que em qualquer atividade desempenhada dependem da máquina digital, informacional, do smartphone ou de alguma modalidade de trabalho digital. (ANTUNES, 2014). Segundo Jordan Campos (2017), quanto mais evolui as tecnologias, e mais os aparelhos e modernizam mais adoecimento psiquiátrico surge e mais morbidez acomete a mente humana.

Antunes (2014) define que os infoproletários são os motoristas de aplicativos, operadores de telemarketing, técnicos da indústria de software, vendedores do comércio digital, bancários, entre outros. No caso dos bancários, nosso objeto de estudo, esse novo formato de trabalho propiciou mudanças nas relações de trabalho, contribuindo para que o trabalho do bancário perca o sentido, pois, possuem uma alta intensidade no trabalho, não precisam usar criatividade para exercerem suas atribuições diárias, não possuem nenhum controle, nenhuma estabilidade para o futuro e possuem a certeza que sua profissão vai acabar.

Estudiosos sobre o mundo do trabalho abordam que ambiente de trabalho precarizado adoece os trabalhadores muitas vezes de forma irreversível, e adoecem também as suas famílias, pois a maioria não consegue separar vida particular da profissional.

Toda essa situação desencadeia um processo de ansiedade, depressão, perda de sentido do trabalho. Gerando um aumento vertiginoso no número de adoecimento e afastamentos do trabalhador. Entre 2009 e 2017, segundo dados do INSS e estudo do Ministério Público do Trabalho, o total de bancários que tiveram benefícios acidentário ou previdenciário cresceu 30%. Mais de 50% dos casos referem-se a transtornos mentais (aumento de 61,5%).

Iridologia
Nesse artigo foi utilizado como ferramenta de analise dos bancários a Iridologia, que é considerada uma ferramenta da terapia integrativa que investiga a íris dos olhos, ou seja, suas fibras, sinais e marcas com objetivo de realizar uma avaliação do estado funcional do corpo humano, através da qual, tem-se um panorama macro e micro de todos os órgãos. E é possível perceber as fragilidades de cada indivíduo. A Iridologia ajuda a identificar os caminhos subjacentes a uma condição, de forma que permite descobrir as causas de um problema e aprender como podem ser tratados, equilibrados ou suportados (CUNHA, 2017). Logo é um instrumento preventivo que possibilita verificação de possíveis disfunções físicas e psíquicas (Campos, 2017).

Através da Iridologia também é possível metodizar em perfis as características comportamentais dos seres humanos, essa ramificação chamamos de Iridologia Comportamental que consegue explicar o perfil psicológico, mostrando qual personalidade é de nascença e como está atualmente, pois quando em desarmonia causa diversos desequilíbrios físicos e emocionais na pessoa (Johnson, 1992).

Foram analisadas nesse artigo oito irises de colegas acometidos com Sindrome de Burnout .Após a análise foi possível entender o adoecimento, pois pessoas com características de personalidade tendem adoecer ao serem submetidos a um ambiente de trabalho competitivo e sobre constante pressão como os bancos. Essas personalidades não se adéquam nesse ambiente que possuem processos de trabalho rígidos, onde criatividade e afetividade não podem ser expressadas.

Conclusão
O adoecimento dos bancários até pouco tempo atrás era caracterizado de forma mais forte em casos de doenças físicas, nas articulações ocasionados por excesso de trabalho repetitivo. Entretanto é notório o aumento significativo nos afastamentos das atividades laborais por conta de doenças psiquiátricas.

Quando o colaborador adoecido retorna ao trabalho, as instituições não recebem bem esses profissionais adoecidos psiquicamente e com restrições laborativas. Os projetos de vida e futuro desses trabalhadores são postos em jogo e desestruturados, e o afastamento do trabalho desconstrói uma vida, fazendo o trabalhador sentir-se culpado e incapaz de realizar um trabalho produtivo, o confronta com a ruptura de sua identidade, além da necessidade de reconstrução da vida profissional, agora limitada e adaptada a uma nova realidade. Muitas vezes subestimado, o trabalhador adoecido, desacreditado de suas habilidades é remanejado para executar funções sem valor, sem sentido, e muitas vezes sem condições físicas e psicológicas para assumir novas atividades.

Podemos entender, a partir dos dados contraídos neste estudo, que o trabalho precisa estar interligado à vida e possuir um sentido, não podendo ser somente um meio de sobrevivência, e deve possui um lugar dedicado na existência da vida do sujeito. O indivíduo necessita enxergar a realização de seus projetos e ter planos futuros. Uma atividade que tenha um significado intrínseco deve ter um valor por si mesma, auxiliar a construção de uma nova sociabilidade, marcada por reconhecimento. As questões relativas à saúde e ao adoecimento dos bancários estão ligadas a esse contexto às mudanças na organização do trabalho e como se dá a exploração, resultando em sérias consequências e prejuízos na saúde desses trabalhadores.

O presente estudo, abraçando pela análise comportamental através da íris, ferramenta importante dentro a Terapia Transpessoal Sistêmica, mostra que é possível associar o tipo de personalidade do individuou ao tipo de trabalho executado. Com essa ferramenta pode-se de forma preventiva realocar o colaborador para uma função mais adequada ao seu perfil. E caso não seja possível, a pessoa pode ter opção de continuar ou não na profissão, sabendo os riscos e consequências que poderá acarretar a permanência naquele ambiente.

adriana borges ffab8 Adriana Borges é bancária, terapeuta Transpessoal Sistêmica e mestre em Administração.

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