Lucro dos bancos: dinheiro da população vai para mãos de acionistas

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Para Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT, setor financeiro é o Robin Hood ao contrário que tira do povo para dar a banqueiros

SINDICATO DOS BANCÁRIOS DE PELOTAS

lucro dos bancos

Nem a pandemia mudou uma situação que se repete há décadas: bancos lucram sempre

São Paulo – Em dois anos, durante a pandemia que levou ao fechamento de milhares de empresas, um setor se deu bem como sempre: o financeiro. Quatro dos maiores bancos brasileiros, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander, acumularam lucro de R$ 157,4 bilhões em 2020 e 2021. O dado não registra o resultado da Caixa Federal, cujo balanço ainda não foi divulgado.

Esse fenômeno é classificado pela presidenta da Contraf-CUTJuvandia Moreira, como ação de um “Robin Hood ao contrário”. Isso porque grande parte do crescimento de 35% no lucro desses bancos em 2021, comparado ao ano anterior, vem de dinheiro que sai do bolso do povo. “Houve aumento da carteira de crédito de pessoa física. E parte é do cartão de crédito rotativo. Ou seja, ruim, porque as pessoas não conseguem pagar a fatura toda. Paga o mínimo e fica devendo. Aí entra nos juros de 350% ao ano”, relata a dirigente sindical em entrevista à Revista Brasil TVT.

“Outra parte veio da redução das despesas administrativas. Emblemático porque tem muita gente em teletrabalho e os bancos economizaram em viagem, energia elétrica, internet etc. Ao reduzir esses gastos aumentaram os lucros”, diz Juvandia. O bancos ainda ganharam mais com cobrança de tarifas e prestação de serviços. “Ou seja, a população está pagando. Resumindo, o lucro vem de tirar dinheiro da população e colocar nas mãos dos acionistas dos bancos. O chamado Robin Hood ao contrário. Tira do povo que está endividado para dar para os banqueiros.”

Setor desregulado

Há uma diferença muito grande no Brasil em comparação aos bancos nos demais países do mundo. “O Brasil é um dos países onde os bancos têm a maior rentabilidade. Muitas vezes ganha de bancos americanos, de vários lugares. Por exemplo, o maior resultado do Santander sai do Brasil: 25% a 30% mais do que na Espanha. As taxas de juros daqui são as maiores de que se tem notícia.

Além disso, lembra ela, o spread dos bancos é muito alto. Ou seja, a diferença entre o custo para captar e o preço para emprestar o dinheiro.

“Com certeza no Brasil tem rentabilidade gigante no setor financeiro. Um problema que precisa de medidas para regular o sistema no sentido de não drenar os recursos da população para esses acionistas”, diz, comparando à situação da Petrobras. “Quando você usa como referência para os preços do combustível, do gás de cozinha o dólar, pratica a política de preços internacionais você está tirando dinheiro da população e pagando para os acionistas da Petrobras. É a mesma coisa no sistema financeiro.” 

Juvandia relata que um projeto para regulação do sistema financeiro está em processo de atualização. “Regular o sistema financeiro é pensar numa política de crédito, de inclusão bancaria. Mas o que a gente viu foi o fechamento de agências no ano passado. Mais de 1.017 agências fechadas em 2021, fora as que foram fechadas em 2020. Tivemos redução de empregos no setor que só não foi pior porque tínhamos uma ação que fez com que a Caixa contratasse trabalhadores aprovados em concurso.”

Assim, reforça, regular o setor financeiro é pensar para onde o país quer ir. “Que setor tem de estimular, que tipo de crédito tem de fornecer, que taxas de juros serão praticadas.”

Assista à participação de Juvandia Moreira na Revista Brasil TVT

 

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