Maioria dos países não tem plano para enfrentar ‘perda colossal’ na educação

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Segundo relatório da ONU, países tentam se recuperar mas negligenciam a única ferramenta para o desenvolvimento socioeconômico: a educação

O relatório de organismos da ONU aponta que no mundo todos os alunos ficaram sem 3 trilhões de horas de aulas presenciais. Muitas delas já nem reconhecem letras

São Paulo – A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Banco Mundial divulgaram relatório preocupante sobre a situação da educação no mundo. O documento intitulado “Onde estamos na recuperação da educação?” revela uma “perda colossal” no aprendizado infantil durante a pandemia de covid-19. Por isso, os organismos instam as nações a planejarem políticas públicas para reduzir os danos.

“Enquanto os países lutam para se recuperar, estão negligenciando a única e mais eficaz ferramenta de recuperação e sustentabilidade de longo prazo – a educação”, afirma o texto assinado pelas três entidades. O relatório foi baseado em uma pesquisa de 122 escritórios da Unicef realizada no início deste mês. “Apenas metade dos países de baixa renda tem um plano em vigor para avaliar onde os que retornaram estão em seu aprendizado. Um quarto destes países não tem sequer dados para mostrar quantos estudantes retornaram à escola”, informa a ONU em comunicado.

Vácuo na educação

De acordo com o estudo, os riscos de um vácuo geracional são altos. “A menos que todos os países implementem e expandam programas no próximos meses, correm o risco de perder uma geração”, alertam a diretora-geral adjunta de Educação da Unesco, Stefania Giannini, o diretor global de Educação do Unicef, Robert Jenkins, e o diretor global de Educação do Banco Mundial, Jaime Saavedra.

Entre os dados levantados está o total combinado de 3 trilhões de horas de aulas presenciais perdidas em todo o mundo. Na prática, a cada cinco estudantes no mundo, mais de quatro estão com o aprendizado em atraso. O cenário é mais delicado em áreas vulneráveis, onde a educação infantil regrediu, de acordo com o comunicado. “As habilidades básicas e fundamentais sofreram prejuízos em muitos países. As crianças esqueceram como ler e escrever; algumas são incapazes de reconhecer letras”, informa a ONU.

Por fim, o documento adverte para a urgência de ações. “Sem uma ação corretiva urgente, isso pode trazer sérias consequências ao longo da vida em termos de saúde e bem-estar, aprendizado futuro e emprego. Em um momento em que é mais necessário, o financiamento da educação tem sido desesperadamente insuficiente”.

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