Presidente da Fenae participa de live sobre a campanha contra a MP 995/2020

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Debate foi promovido pelo canal do economista Eduardo Moreira na manhã desta sexta-feira (14)

O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sérgio Takemoto, participou na manhã desta sexta-feira (14) da live Entrou por Uma Porta, mediada pelo economista Eduardo Moreira e com a participação do diretor de teatro e cinema Reinaldo Sant’ana, gestor do grupo teatral Entrou por Uma Porta. O tema principal do debate foi a MP 995/2020, que privatiza partes do banco público. A transmissão foi feita pelo Facebook da Fenae e pelo canal do economista no YouTube  e contou com a audiência, ao vivo, de mais de 3 mil pessoas.

Takemoto disse que além de o mundo estar passando por uma pandemia, aqui no Brasil o governo ainda tem se empenhado em privatizar a Caixa. Ele informou que na noite da sexta-feira, 7 de agosto, foi editada a Medida Provisória 995 que permite a venda de subsidiárias da Caixa. “Fora isso a gente está no meio de uma campanha salarial, de renovação de acordo, com esse governo genocida, está muito difícil a situação dos empregados da Caixa. Mas a gente mantém a esperança”, afirmou.

O anfitrião e mediador da live, Eduardo Moreira, comentou o impacto que teve com a história do documentário Não Toque no Meu Companheiro. “O filme mostra – e eu até me arrepio quando falo sobre isso – o sentimento de unidade que as pessoas tiveram naquele momento. O estar junto, lutar junto e não deixar para trás aqueles que foram demitidos. Essa luta termina com a volta, a reintegração dessas pessoas todas”, colocou.

Em resposta, o dirigente da Fenae comentou que a categoria bancária tem como inspiração a história deste documentário “O caminho é a solidariedade e a unidade de todos os trabalhadores e de todas as entidades”, disse. O filme conta uma história de solidariedade e luta dos empregados da Caixa durante a greve geral dos bancários em 1991. “Era o governo Collor, que vinha com tudo para a privatização. Àquela época, funcionários públicos e empregados de estatais eram chamados de marajás. Agora somos chamados de parasitas”, ironizou.

O filme desnuda as conexões entre as políticas neoliberais da era Collor e a atual agenda ultraliberal da extrema-direita. Esse paralelo é um dos destaques do longa metragem coproduzido pela Fenae e dirigido pela cineasta Maria Augusta Ramos, a Guta Ramos. “As demissões foram revertidas. Essa jornada é exemplo da importância da luta, da solidariedade e da persistência para reverter esse quadro de desesperança e voltar a ter uma vida mais democrática”, afirmou Takemoto.

A esperança e a luta é o que tem movido a Fenae e outras entidades e movimentos sindical e social na campanha contra a MP 995/2020, que em dois dias conseguiu que fossem apresentadas 412 emendas de parlamentares. “O governo reagiu e já na quarta-feira (12) havia comunicado ao mercado anunciando a abertura do capital da Caixa Seguridade. Se a MP for rejeitada, o governo já fez o estrago que ele queria”, lamenta. A saída apontada pelo presidente da Fenae é fazer com que o Congresso Nacional devolva essa MP para que não haja tempo de vender a Caixa.

Fim do MCMV e Home Equity

Takemoto comentou ainda sobre o programa Minha Casa Minha Vida, que praticamente foi extinto pelo atual governo justamente para as pessoas que mais precisam, as que ganham até R$ 1.800 e que não foram contempladas pela suspensão da cobrança das prestações durante a pandemia. O dirigente informou que a Caixa tem anunciado uma nova linha de crédito, a Real Caixa Fácil (Home Equity), em que as pessoas colocam como garantia um imóvel quitado para obter um empréstimo de até 60% do valor do imóvel. “Nesse período de pandemia, as pessoas precisam de recursos para pagar dívidas e para o consumo e não para investimento. Vão pegar dinheiro e quem vai sair beneficiado é o mercado financeiro mais uma vez”, lamenta.

Papel social nas periferias

O diretor de teatro Reinaldo analisou que há dificuldade em fazer chegar a mensagem do desmonte de direitos que vem sendo promovido pelo governo às periferias, embora a mensagem do auxílio emergencial chegue. Ele avalia que se trata-se de uma guerra de narrativas para a qual o governo tem mais força.  “Mexer na Caixa é mexer na caixa-preta da periferia. A Caixa foi criada para guarda de dinheiro das pessoas escravizadas alforriadas. Hoje, cada pessoa da periferia tem sua continha na Caixa, seja Conta Fácil, Conta Poupança… As mães dizem: ‘vai poupar, poupa na Caixa'”, pontuou. Para ele, é preciso fomentar e fortalecer uma rede de comunicação que inclua rádios, tevês e sites comunitários para que a periferia tenha acesso à esse tipo de informação

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