Recorde de casos de covid-19 e mortes em alta no Brasil pressionam sistema de saúde

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Número de mortos é o maior em quase cinco meses. Total supera 625 mil

São Paulo – O Brasil registrou nesta quinta-feira (27) 228.954 casos de covid-19 em 24 horas. É o segundo recorde seguido, em função da variante ômicron. De ontem para hoje, os registros oficiais de óbitos saltaram de 570 para 672, maior número desde 5 de setembro. Os dados são fornecidos pelo boletim diário do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Assim, a média móvel de diagnósticos diários avançou para 168.514 nos últimos sete dias. Também é o maior índice registrado desde o início da pandemia no país, em março de 2020. A média móvel diária de óbitos também subiu para 411 nos últimos sete dias, maior marca desde o início de outubro. Ao todo, o país tem 625.085 óbitos acumulados e mais de 24,7 milhões de casos.

Nesse sentido, o avanço no número de casos deve pressionar ainda mais os sistemas de saúde pelo país. No início da semana, seis estados, o Distrito Federal e nove capitais já estavam em “alerta crítico”, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Nesses locais, a ocupação dos leitos de UTI para covid-19 já ultrapassa os 80%.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass

EUA têm 3,9 mil mortes em um dia

Nos Estados Unidos, óbitos diários se aceleram desde o início do ano, em função da variante ômicron. Ontem (26), o país registrou 3.895 mortes, de acordo com levantamento do jornal The New York Times. A média móvel diária de mortos nos últimos sete dias chegou a 2.441. É o maior patamar desde meados de fevereiro do ano passado, durante a onda causada pela ômicron.

A alta de óbitos nos Estados Unidos serve de alerta para os que apontam que a ômicron como uma variante “mais leve”. Outro fator a ser considerado é que a vacinação encontra maior resistência entre os norte-americanos. Apenas 63% população está com o esquema vacinal completo (duas doses ou dose única). E apenas uma a cada quatro pessoas já tomou a dose de reforço, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. Ao todo, 876 mil norte-americanos morreram em consequência da doença.

Alemanha ultrapassa 200 mil casos

Já com dados desta quinta, a Alemanha também atingiu recorde de novos casos, ultrapassando a marca dos 200 mil. De acordo com o Instituto Robert Koch, agência pública de saúde, foram 203.136 novos diagnósticos nas últimas 24 horas. Foi o segundo recorde seguido, após atingir cerca de 176 mil ontem. Além disso, as autoridades também registraram mais 188 mortes, o que elevou o total de óbitos no país para 117.314.

Os menores patamares de morte se devem aos maiores índices de imunização. Entre os alemães, 72% estão completamente imunizados, de acordo com a plataforma Our World in Data. Além disso, mais da metade da população alemã também tomou a dose de reforço.

Superimunidade

Pessoas imunizadas que foram infectadas pelo novo coronavírus, ou vice-versa, adquirem uma espécie de “superimunidade”. É o que revela um estudo de pesquisadores da Universidade de Oregon (EUA) publicado nesta hoje na Science Imunnology. Eles colheram amostras de sangue de 104 pessoas vacinadas contra a covid-19, divididas em três grupos: 42 imunizados que não se infectaram; 31 que se vacinaram pós uma infeção e outros 31 que ficaram infectados depois da vacinação.

Os dois últimos grupos com “imunidade híbrida” registraram até dez vezes mais anticorpos que aqueles que não se vacinaram. “Resposta imunológica medida no soro sanguíneo revelou anticorpos mais abundantes e eficazes do que imunidade gerada apenas pela vacinação”, concluem os pesquisadores. A pesquisa, contudo, foi feita antes do surgimento da ômicron. Mas os pesquisadores esperam que as respostas imunes sejam semelhantes também em relação a ela.

Para a neurocientista e coordenadora da Rede Análise Covid-19 Mellanie Fontes-Dutra, os resultados são positivos, mas não devem ser distorcidos. Não se trata, segundo ela, de estimular a exposição ao vírus, o que traz muitos riscos. Não apenas há registro de óbitos entre vacinados, como também aqueles que enfrentam sequelas da doença. “A terceira dose é a forma mais segura de buscar reforço das defesas”, tuitou Mellanie.

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