“A greve está muito forte no Hospital de Clínicas também, com participação de 500 pessoas na assembleia [que deflagrou o movimento]”, afirma Evandro Castagna, servidor público e integrante do comando de greve no Paraná.
Castagna complementa sobre o sentido da greve, mesmo em um momento delicado da conjuntura, com pressão por parte da extrema direita e da mídia empresarial sobre o governo:
“O governo foi eleito colocando a educação como prioridade. E quem garante que a educação aconteça são os servidores públicos da educação. Nossa briga é essa: que a educação de fato seja valorizada como parte fundamental para que funcione o pais, que se cumpra esse compromisso com os trabalhadores da educação. Temos consciência do governo fascista que nós tínhamos, do papel ruim que cumpriu Bolsonaro”, aponta.
Pauta na carreira
A pauta do movimento, de acordo com Castagna, está focada na recomposição salarial e, principalmente, na retomada de uma política de carreira para os servidores, de maneira a contemplar a totalidade da categoria. Servidores pedem reposições salariais da ordem de 10,34% ao longo de três anos.
“O governo Lula abriu mesa de negociação. O ministro da Educação chamou a Fasubra para conversar e pediu 30 dias. Já tínhamos indicativo de greve no dia 11 de março, então vamos conversar, mas em greve”, explica Castagna.
A carreira está com salários congelados há mais de sete anos e sem horizonte até então de reforma no seu plano de carreira. De acordo com página do Partido Comunista Brasileiro no estado (PCB-PR), houve em anos recentes o aumento de 85,4% de taxa de desligamentos (exoneração a pedido do próprio servidor) em relação ao número de ingressos na categoria.
“Estamos com uma carreira não atrativa, com piso salarial baixo. Do [governo] Temer para cá nossa defasagem salarial ficou em 40%. A PEC da transição do atual governo garantiu 9% de recomposição e pequena reposição no auxílio saúde, creche, reposição no auxílio alimentação”, diz, reconhecendo o espaço mais arejado do atual governo, mas cobrando avanços.
“Nosso salário é muito baixo. Um trabalhador que entra com menos de dois salários mínimos”, afirma Castagna, elencando que, ao lado da Fasubra, há a chance nos próximos dias de adesão do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) — que aglutina servidores federais dos Institutos Federais de Educação (IFs) — e do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) — que organiza os professores.