PEC 32: ‘terceira via’ e bolsonaristas se unem contra servidores, diz analista

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Partidos como PSDB, PSD, MDB e DEM tentam se distanciar da imagem de Bolsonaro, mas endossam o mesmo projeto neoliberal, segundo Wagner Romão (Unicamp)

Lula Marques/Fotos Públicas

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Expectativa da oposição é barrar a PEC 32 quando proposta for votada em no Plenário

São Paulo – Para aprovar a Proposta de Emenda `à Constituição (PEC) 32, em Comissão Especial na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (24), o governo Bolsonaro contou votos de parlamentares do PSDB, PSD, MDB e DEM. São partidos que buscam se apresentar como a “terceira via” nas eleições do ano que vem. O apoio desses setores à chamada “reforma” administrativa, contudo, demonstra que são tênues as diferenças entre os chamados neoliberais e os bolsonaristas mais radicais, de inspiração fascista.

O professor do departamento de Ciência Política da Unicamp Wagner Romão destacou que os postulantes de “terceira via” preferem não se posicionar numa eventual disputa entre Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, votações como esta demonstram para que lado penderiam na disputa entre duas concepções antagonistas sobre o papel do Estado.

“Sabemos que desde de 2018, e ao longo desse governo, sobretudo nesses momentos em que decisões afetam esse processo de neoliberalização do Estado brasileiro, eles (bolsonaristas e “terceira via”) estão articulados nesse projeto”, disse Romão, em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta sexta-feira (24).

Romão também ressaltou que a “reforma” administrativa vem perdendo força, dada a resistência dos servidores públicos. Propostas mais polêmicas, como, por exemplo, o fim da estabilidade ou a possibilidade de extinção, pela Presidência da República, de fundações e autarquias, foram retiradas. No entanto, permanecem outras mudanças que enfraquecem a atuação do poder público.

CPI da Covid e outras investigações

Para o analista, o escândalo da Prevent Senior garantiu novo fôlego à CPI da Covid. Ele classificou como “estarrecedor” o dossiê encaminhado à Comissão revelando que atestados de óbito de pacientes com covid-19 eram adulterados pela operadora. “O que tivemos foi um atentado à saúde pública, um crime no qual muito provavelmente pessoas do governo estavam envolvidas”, afirmou.

Na semana que vem, o empresário Luciano Hang deve prestar depoimento à CPI. Ele foi um dos entusiastas do chamado “tratamento precoce”, composto por medicamentos sem eficácia contra a covid-19. Por outro lado, um dos casos de adulteração de atestado de óbito pela Prevent Senior envolve a mãe do empresário.

De acordo com Romão, Hang representa setores do empresariado que se aliaram ao bolsonarismo. Seu apoio ao presidente também vem desde a campanha eleitoral e ele teria ainda explicações a fornecer a sobre o suposto esquema de caixa 2, montado durante as eleições, para financiar disparos em massa de fake news pelo Whatsapp, alvo de investigação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além disso, outras investigações sobre o esquema de rachadinha também avançam, “fechando o cerco” contra a família Bolsonaro.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira

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