Afã da classe dominante pela volta dos trabalhadores

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O afã da classe dominante pela volta dos trabalhadores em isolamento social ao trabalho, sem o restabelecimento das condições sanitárias a um razoável nível de segurança, vez que talvez nem estejamos no pico da pandemia, é mais um atentado à vida humana, imposto pelas condições econômicas, em última instância, elas mesmas, as causadoras da grave doença.

Assim, o que se espera das entidades representativas da classe trabalhadora é, no mínimo, uma participação ativa dentro desse processo, mobilizando-a a rejeitá-lo e afastando a perigosa passividade frente à sua imposição goela abaixo dos trabalhadores e da sociedade em geral, tamanho o risco de mortes que se avolumam. O que acontece é que a desmobilização da classe trabalhadora e a cooptação da sua representação pelo capital agrava sobremaneira o problema da alienação em geral, mesmo diante da gravidade da pandemia.

Tal submissão a afasta também do seu horizonte enquanto a classe social, cujos interesses se opõem à dominância capitalista sempre sua detratora e mesmo predadora, como se evidencia mais proeminentemente na atualidade.

Em decorrência disto, o capitalismo, seus mecanismos e suas imposições devastadoras da natureza e, por via de consequência, também da humanidade distorcem, mascaram e dificultam, principalmente para os trabalhadores em geral, a consciência do correto diagnóstico das verdadeiras causas da pandemia e da sua própria condição de vítimas da histórica sanha lucrativa do sistema, que os utiliza e explora nos processos produtivos que lhes são, a si mesmos, devastadores.
Estas constatações teriam sempre que ser consideradas com a devida seriedade pelas entidades representativas da classe trabalhadora, em oposição ao sistema capitalista, se o curso histórico-natural do seu movimento não tivesse sido desviado pela sua cooptação pelo capital. Qual o horizonte da classe trabalhadora, senão o resgate da sua humanização…? Continuaremos colaboradores e submissos às condições causadoras da nossa própria destruição…?
Concordaremos em voltar correndo a retomar o trabalho nas condições materiais anteriores à pandemia e que, em última instância, a provocam e a tantas outras, quando sequer desponta no horizonte uma sensação de garantia de não contaminação pelo vírus…?

Reiteramos: qual será o limite da alienação do homem em geral pelas condições capitalistas? O seu fim ou o fim da humanidade?   Enfim, urge que construamos e retomemos a consciência do verdadeiro horizonte classe trabalhadora, qual seja, a negação da sua condição de um mero apêndice do capital e a sua afirmação de humanidade como parte da natureza em geral.

* Eleonolson Raimundo dos Santos é funcionário do PSO do Banco do Brasil

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