AFBNB no Jornal O Piquete Bancário

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Rita Josina é a entrevistada do Jornal O Piquete Bancário publicado nesta quarta, 25. Na conversa com o Sindicato dos Bancários Conquista e Região, a diretora-presidente da AFBNB fala sobre a atual conjuntura sócio-econômica nacional, que vem prejudicando fortemente as instituições públicas. O fechamento das agências do Banco do Nordeste, recém-anunciado pela direção do BNB, também é pauta do diálogo cuja íntegra segue abaixo. Confira!


Fortalecer o Banco que queremos e precisamos


 


Conversamos com Rita Josina, presidente da AFBNB, para entender mais sobre a reestruturação anunciada pelo Banco do Nordeste no último dia 13. Confira.


 


O Piquete Bancário – Quais os impactos desta reestruturação para o BNB?


 


Rita – Em nossa visão significa uma fragilidade diante do potencial da região e do importante papel que uma instituição pública regional de desenvolvimento pode desempenhar. Isso pode resultar na diminuição dos investimentos em áreas importantes de diversas economias locais até a retração de grandes negócios realizados pelo banco, o que sem dúvida impactará no resultado final de seu balanço. Contudo, nosso foco maior é a preocupação em torno do caráter desenvolvimentista do BNB, que não deve se guiar pela lógica da maximização do lucro e do ganho, mas sim em incentivar negócios estruturadores para o desenvolvimento da região, aumento da renda, além do próprio fortalecimento do banco e a consolidação de sua missão desenvolvimentista, que sabemos se dá no processo de longo prazo.


 


OPB – O BNB tem sido um banco que cumpre o seu papel social e ainda garante lucratividade. Neste cenário, de onde parte a necessidade de uma reestruturação no BNB?


 


Rita – A AFBNB sempre defendeu a expansão do Banco com o aumento da quantidade de agências e uma maior capilaridade, de modo a atender a população. Assim, defendemos que qualquer reestruturação deva ser sempre no sentido de melhorar as condições de atendimento, de trabalho nas unidades do banco e também na melhoria da política de RH. Nas visitas que fazemos, principalmente nas agências do BNB no interior, temos observado e denunciado a falta de condições adequadas e necessidade de melhoria dos processos para o adequado exercício das atividades.


 


Além disto, questões como a isonomia, a dignidade previdenciária e de saúde, a convocação de concursados e a luta por um Plano de Cargos e Remuneração (PCR) digno têm sido pauta das lutas da AFBNB. Entendemos que essa deva ser a restruturação que o Banco necessita neste momento. Nos moldes como está sendo colocada, entendemos que a medida se trata de um revés estratégico com o objetivo de cumprir as determinações de uma política neoliberal, ora em curso.


 


OPB – O plano prevê o fechamento de 19 agências, aumentar as carteiras de negócio e investir no Agroamigo, que são terceirizados, sob uma justificativa de melhoria no atendimento ao cliente. Isso representa uma mudança no perfil do banco?


 


Rita – Caso seja encaminhado dessa forma, haverá realmente uma mudança no perfil. Por isso é importante o diálogo no sentido de se fortalecer o banco que queremos e que precisamos. Na forma de terceirização e mudança nas carteiras negociais direcionadas por um viés não desenvolvimentista, caminha para a precarização e a fragilização de instituições públicas como o BNB. Ao lembrar a luta contra o aumento das terceirizações e o PL 4330 que a AFBNB encampou junto com outras entidades de trabalhadores, além da campanha em defesa dos bancos públicos e dos fundos constitucionais, caso do FNE, reafirmamos nosso posicionamento de que somos contrários a qualquer medida que represente ameaça ao banco, aos trabalhadores e à sociedade. Estes não podem pagar a conta de uma crise econômica que tem como único beneficiário o capital rentista. A AFBNB encaminhou ofício aos parlamentares da Bancada Nordestina alertando para o risco do fechamento de agências no sentido de articular um movimento maior em defesa do BNB e, da sua principal fonte de recursos, o FNE e da população.


 


Outro fator que preocupa os bancários dentro desta reestruturação, a instabilidade no emprego. De que forma tem sido realizada a negociação com o banco? O que também nos causa preocupação tem sido a forma como o processo vem se dando, do anuncio do fechamento das agências sem que se tenha dado conhecimento das etapas do processo e de como cada uma delas vai se processar. A realocação dos trabalhadores das unidades e as funções que cada um desempenha merece ser discutida e tratada com transparência e zelo. Muitos deles foram realocados há pouco mais de um ano dentro do processo de abertura das unidades, o que demandou um rearranjo na vida pessoal e familiar desses trabalhadores, com a proposta de que estariam contribuindo com a missão do banco naquela ocasião, diga-se de passagem, bem recente. A AFBNB vem acompanhando de perto esse processo, dialogando com sua base e os sindicatos locais na perspectiva de preservar as relações de trabalho, evitando prejuízos e em defesa dos trabalhadores do Bando do Nordeste.


 


OPB – No setor bancário temos visto uma política de desmonte dos bancos oficiais a partir dos planos de reestruturação anunciados pelo governo Temer para o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e mais recentemente o Banco do Nordeste. De que forma a reestruturação impactará a economia no Nordeste?


 


Rita – Sem dúvida que o impacto será negativo, não só para os trabalhadores, mas também para a economia regional. De sua parte o BNB opera em toda a Região e ainda nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, estimulando atividades importantes, seja no comércio, indústria ou na agricultura familiar. Indubitavelmente o desinvestimento nessas áreas, em um momento em que o Nordeste atravessa uma de suas piores crises com o prolongamento da seca, acentua a gravidade desse cenário. Os bancos e o Nordeste como um todo precisam de políticas públicas que incentivem a redução das desigualdades e a melhoria das condições de vida da população, seja por meio de incentivos fiscais, parcerias e outras atividades que gerem desenvolvimento econômico. Então, os cortes e o fechamento de agências, como está previsto vai na contramão dessa política de desenvolvimento.


 


OPB – Assim como nos outros bancos o plano de reestruturação não foi discutido com os funcionários. Como o banco tem realizado este processo?


 


Rita – Não tem realizado diálogo. A AFBNB já encaminhou ofícios no sentido de abrir a discussão diante das inquietações que tem chegado em torno dessa medida. Nós lamentamos a falta desse diálogo, pois entendemos ser vital importância a discussão com seu maior patrimônio, os trabalhadores, as entidades representativas nos mais diversos fóruns da categoria, além da própria sociedade. A AFBNB tem chamado a atenção para que esses atores, além dos parlamentares no âmbito municipal se mobilizem, promovam atos, audiências públicas e outras ações que possam abrir a discussão e o diálogo. Certamente haverá saídas menos prejudicais.


 


As opiniões expressas no artigo não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.


 


A íntegra do Jornal O Piquete Bancários pode ser conferida neste link.

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