Artigo: "Bancários não são descartáveis!"

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Uma categoria de trabalhadores que, nos anos 1980/90, era das mais bem remuneradas no mercado de trabalho brasileiro agora parece mesmo um contingente qualquer de descartáveis. Pelo menos aos olhos dos bancos e dos banqueiros.


Em 1989, o sistema financeiro brasileiro ocupava cerca de 900.000 trabalhadores. Atualmente não chega à metade disso. A clientela e o lucro evidentemente permaneceram crescendo. É que a profunda reestruturação produtiva do setor exponenciou produtividade e o desemprego estrutural.


Os bancos parecem mesmo mandar no mundo e seu poder parece maior ainda em nosso país, verdadeiro paraíso da agiotagem oficial.


Nenhum setor da economia nacional passou por uma tanta “reestruturação produtiva”. Nenhum setor manteve incólume e ininterrupta a altíssima taxa de lucro por tanto tempo.


Mesmo com dois anos seguidos de recessão (2015 e 2016), o balanço dos bancos ostentou a continuidade da obtenção de lucro em meio ao caos da economia e da política. De forma monótona e repetida diferentemente de outros setores econômicos que amargam dificuldades.


Temos realmente um sistema financeiro dos mais sofisticados do mundo, em seu instrumental tecnológico. O mesmo não se pode afirmar sobre sua dinâmica de funcionamento com a sociedade e de sua dinâmica propriamente financeira. Aqui – sabemos todos – habitam as mais altas taxas de juros do planeta!


Então o que justifica, neste cenário, a oferta ampla (vide Bradesco, Caixa e BNB) de Planos de Demissão Voluntária, os “PDVs” de triste memória para os assalariados, justamente no setor que pode e deveria ofertar melhores serviços ao público e criar mais e melhores empregos para os brasileiros?


Os bancos não podem continuar a ser a ponte por onde só correm as águas do rentismo. Há que ter o mínimo de responsabilidade histórica para financiar bons projetos no interesse da retomada do desenvolvimento e da geração de postos de trabalho. Há que atuar reduzindo drasticamente a taxa de juros e a abusividade de cobrança de tarifas.


A tradicional campanha salarial dos bancários brasileiros que começa a se organizar e se concretiza mais fortemente em setembro precisa tratar dos frequentes assaltos aos bancos e, principalmente, do assalto dos bancos à toda sociedade. Terá nosso apoio e de toda a sociedade!


 


Elmano Freitas


elmano.freitas@gmail.com


Deputado estadual (PT-CE)


Source: SAIU NA IMPRENSA – 300

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