Durante a pandemia, os ganhos aumentaram com a diminuição de despesas administrativas por meio do home office, mas as agências físicas e os postos de trabalho continuam sendo eliminados
Nos últimos dias foram divulgados os demonstrativos financeiros do terceiro trimestre dos principais bancos atuantes no país e os resultados, mais uma vez, mostram que não há crise para os banqueiros. Juntos, o Bradesco, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Itaú Unibanco e o Santander somaram R$ 80,9 bilhões nos nove primeiros meses do ano, com alta de 52,3% em relação ao mesmo período do ano de 2020.
Os bancos estão mais rentáveis, com melhores indicadores de eficiência, as carteiras de crédito foram ampliadas em quase R$ 4,0 trilhões, as receitas com prestação de serviços e tarifas totalizaram R$ 105,6 bilhões com crescimento médio de 5,1%, valor mais que suficiente para cobrir as despesas com pessoal. Os índices de inadimplência continuaram em patamares baixos, melhores, inclusive, que na pré-pandemia.
Durante a pandemia, os ganhos aumentaram com a diminuição de despesas administrativas, como água, energia elétrica, serviços de vigilância e segurança e viagens. No último ano, até setembro de 2021, os bancos fizeram uma economia de, no mínimo, R$ 511 milhões. Ou seja, o home office dos bancários ampliou os ganhos dos banqueiros.
No Brasil, já são 13,7 milhões de desempregados e o setor mais lucrativo contribui para o aumento desse número. Não há justificativa para os bancos fecharem postos de trabalho em plena pandemia. Onde está a imagem de respeito com a população das suas peças publicitárias? Os bancos são uma concessão pública e têm um papel social importante no crescimento de um país. É importante que as instituições financeiras, responsáveis por cuidar do dinheiro da população, sejam um instrumento para o desenvolvimento econômico e não para fragilizar ainda mais a economia.
Ivone Silva é presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e bancária do Itaú