Discurso de privatização da Petrobras baseia-se em três mentiras, diz deputado

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São Paulo – O deputado Bohn Gass (PT-RS) fez críticas hoje (4) ao discurso em defesa da privatização da Petrobras e da entrega da soberania do país às petroleiras estrangeiras. Segundo ele, pelos menos três mentiras sustentam o discurso contra a manutenção da empresa estatal. “A primeira lorota é de que privatizando vai angariar recursos para o Estado. Mentira. Porque vendem a preço de banana, não têm nenhum recurso que viria para o tal do caixa. Segunda falácia: vai ter eficiência. Imagina a empresa privada falando da Petrobras, que é uma empresa pública, que foi premiada no mundo porque foi a maior, por exemplo, de prospecção no fundo do mar. E terceiro grande engodo: os preços para o consumidor vão ser menores”, observou.

O deputado participou de audiência pública das comissões de Trabalho e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. A maioria dos convidados afirmou ser contrária à venda de refinarias da Petrobras. Para o ex-consultor legislativo Paulo César Lima, o custo médio de refino da Petrobras é inferior a US$ 3 o barril, o que torna o negócio muito lucrativo para a empresa. Ele disse ainda que os países produtores de petróleo geralmente refinam tudo o que produzem.

No Brasil, por causa da política de preços da Petrobras, que é vinculada ao mercado internacional, a equação é complicada. Cláudio Ishihara, do Ministério de Minas e Energia, informou que o país exporta petróleo cru e importa 15% dos derivados, embora 30% da capacidade das refinarias esteja ociosa. Ele explicou que, do ponto de vista do governo, a ideia não é construir refinarias mesmo que o mercado seja de expansão por conta do pré-sal:

“A gente aponta, sim, necessidade de refino no futuro; mas, por outro lado, não há mais esse poder determinante de mandar construir refinarias. Nem no setor elétrico isso ocorre mais”, disse.

Em julho, o Supremo Tribunal Federal concedeu liminar que barrou a venda parcial de quatro refinarias da Petrobras que estava sendo encaminhada pelo governo atual. O ministro Ricardo Lewandowski entendeu que o Congresso teria que autorizar a venda de estatais. Paulo César Lima disse que a venda criaria duas empresas monopolistas no Sul e no Nordeste porque, além do refino, seriam vendidos os dutos e os terminais de armazenagem.

Fernando Siqueira, da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), disse que a empresa espera receber cerca de US$ 21 bilhões em vendas de ativos entre 2018 e 2022, o que ele considera pouco em relação à capacidade da companhia de gerar recursos e manter o seu patrimônio.

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