Integração dos países sul-americanos em debate | Assis Araújo

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Por Assis Araújo*

O Brasil sediou na última terça-feira (30) a primeira cúpula que reuniu representantes de onze países da América do Sul. Dentre os principais objetivos listados pelo Itamaraty para a reunião estão ações como a retomada do diálogo regional; a busca de uma agenda de cooperação em áreas como infraestrutura, saúde e combate ao crime organizado; além da criação de um novo organismo de integração sul-americano.

Trata-se portanto, da retomada do diálogo e de uma reaproximação que seja benéfica para todos, não apenas em termos políticos, mas também as trocas econômicas em diversos ramos, além da ciência, educação e tecnologia. Tal agenda se faz indispensável diante da total desconstrução por que passaram as relações entre os países do continente após as sucessivas vitórias da extrema-direita e do neoliberalismo capitaneado nos últimos ciclos por peças-chave os ex-Presidentes de Brasil, Equador, Colômbia, além do golpe na Bolívia contra Evo Morales e da queda do Presidente peruano Pedro Castillo.

Participaram do encontro os presidentes da Argentina, Alberto Fernández; do Chile, Gabriel Boric, e da Venezuela, Nicolás Maduro. Como de praxe, a mídia hegemônica fez coro em relação às críticas, principalmente à vinda de Nicolás Maduro ao país, após anos sem compromissos oficiais no Brasil. A suposta falta de democracia do país vizinho e a crise econômica provocada por países estrangeiros à nação caribenha são exploradas ao máximo na tentativa de desconsiderar as necessidades e as lutas do povo venezuelano. Narrativa que deve ser repudiada veementemente.

Dividindo milhares de quilômetros de fronteira com o Brasil e vítima de centenas de sanções, a Venezuela busca novas oportunidades de promover trocas comerciais e reforçar a parceria junto ao Governo Brasileiro no combate ao narcotráfico na região.

A recriação de um bloco sul-americano forte, a exemplo da experiência da Unasul, criada em 2009, e a reunificação do potencial destes países é fundamental contra as ameaças de potências imperialistas, a exemplo dos Estados Unidos, que buscam a todo custo minar as experiências de integração latino-americana, principalmente nas áreas do comércio e de energia.

A acertada conduta brasileira de realizar este encontro pode marcar o início de um novo e amplo ciclo de prosperidade para os povos latino americanos, qual seja, de consolidação de sua soberania, do combate à fome e à pobreza, da luta pela preservação do meio ambiente e dos povos originários e de integração cultural e científica em todos os sentidos. Viva a luta dos povos de “Nuestra America”!

 *Assis Araújo é Diretor de Organizaçaõe e Finanças da AFBNB 

(Foto de capa:  Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil)

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